quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Frescuras

No outro dia, quando ia no autocarro, passei por um cartaz publicitário que dizia isto:
"novo LCD DVD TV da LG"
Pergunta: Quando é que a língua de Camões foi substituída por isto? Até há bem pouco tempo nem sabíamos o que eram metade destas coisas.
Eu ainda não sei, para dizer a verdade...

Pois bem, aqui nos encontramos no novo ano, o meu ano foi estranho mas bom e o fim foi maravilhoso.E frio. Muito frio. Se não vejamos: :)


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Inês no País das Maravilhas

Tenho um enorme fascínio por portas. Gosto de fotografá-las, entrar nelas e mais que tudo, imaginar o que está do outro lado. Eu nunca sei para que lado se abrem as portas mesmo que esteja habituada a elas há muito. Mas nos meus sonhos mais bizarros tenho uma casa com portas azuis bebé e um alpendre e camas de ferro branco. Alguma reminiscência de filme americano mau.
Às vezes vejo-me Alice. Imagino-me do outro lado a beber de frasquinhos e a conhecer uma panóplia de gente curiosa. Às vezes o Mundo não me chega. Às vezes quero entrar na Literatura.
Hoje fui aos alfarrabistas da Rua das Flores. Gostei bastante. Tem livros de pintura de mil novecentos e lá vai fumaça e bem baratos. E eu que agora gasto tudo o que tenho em livros, vejo-me impedida de adquirir essas pequenas relíquias de preços modestos.
As lojas de lãs em Cedofeita e as joelharias da Rua das Flores têm senhores velhinhos, carecas e de sorriso meigo, de quem é avô. Nas Galerias,por 1,50eur, toma-se pequeno almoço típico de hotel, daqueles bons, que apetecem. No Progresso bebe-se café de saco.
Hoje esteve 1 grau,o primeiro frio a sério do ano, e eu passeei, entrei em todos os lugares onde pude alegremente e maravilhei-me várias vezes!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Ai o Pagode!

"Morena bonita dos dente aberto, vai no pagode o barulho é certo,não me namore tão descoberto que eu sou casado mas não sou certo! Eu com a minha mulher, fizemo uma combinação, eu vou no pagode ela não vai não, no sábado passado fui ela ficou, no sábado que vem ela fica eu vou! Eu com a minha mulher, já vi que nós não combina, ela vai pra baixo e eu vou pra cima, de um certo tempo para cá já está ficando um relaxo, ela vai pra cima e eu vou pra baixo..."

Hoje tenho muito para dizer, motivo pelo qual, provavelmente não direi muito...Ultimamente tenho tido alguma dificuldade em articular as ideias. Formar discurso. Pensar. Mas isso não é mau, enquanto não penso trabalho, costumava pensar de mais em tudo e não adiantar grande espiga!
Mas por hoje é mesmo só isto, vou deixar-vos o vídeo maravilha desta música deliciosa!

http://www.youtube.com/watch?v=SsTu-M-kZJ4



segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"Beijos e papas de leite..."

Ok, não sei bem porquê, ou aliás, sei exactamente porquê mas não posso dizer, mas quero fugir. E porquê? Porque é que ter memória é tão mau e ter emoções e saudades e desejos e sonhos é tão mau? E porque é que nos disseram que era bom? Mentimos a nós e aos outros. Dizemos sentir o que apenas queremos sentir. Ousamos pensar o que não se pode dizer. Mas mesmo isso, só às vezes, quando o pensamento já não se deixa esconder. Queria tanto esquecer certas coisas. Queria tanto não sofrer assim com tudo. E porque a vida dura um segundo no qual temos de fazer tudo por nós porque se não já passou. E quero gritar mais alto do que este silêncio que grita mais alto do que eu e que quer medir forças comigo.
E no fim do dia, o que me dá alento, é o calor de uma gata meiguinha e ronronante que se abraça a mim e me olha, terna, como se eu fosse a solução para todas as suas necessidades: a fome, a sede, a areia e um milhão de carícias e palavras doces entre lençóis lavadinhos e beijos, muitos beijos.

domingo, 1 de novembro de 2009

Lêndeas e Narrativas

Há coisas que me deixam a pensar. A minha rua cheira a Idade Média. Teoricamente Portugal é um país relativamente desenvolvido pelo que a cena do "água vai" me parece um pouco antiquada, sei lá.

Tenho tido bastantes preocupações, confesso. Uma é a quantidade imbecil de trabalhos que tenho de fazer este semestre para todas as disciplinas e o querer ter sucesso em todas. A outra é o facto de a pessoa mais importante da minha vida, a minha avó, para que conste, estar prestes a passar por uma operação difícil e o que vem aí...Não lido bem com a ausência. Porque todas as ausências são permanentes, mesmo quando há uma esperança de que um dia se tornem temporárias...Preocupa-me este ano e o próximo. Preocupas-me tu. E tu. Não sei o que pensar e às vezes só me apetece hibernar um bocadinho.

Quando me ponho a pensar em certas coisas em que me meti ou em coisas boas que fiz rio-me muitas vezes. Um tiroteio, uma operação, um atropelamento, toquei no Eddie, três gatas, um dedo partido, all star verdes, rosas, amarelas, azuis e turquesa, um avião perdido, algumas viagens feitas só para matar saudades de alguém e sem ter dinheiro para as fazer, um Erasmus...
No todo tenho de dizer que sou uma sortuda. Mas é errado, quando temos uma vida fabulosa, não querer nunca menos que isso?:)

O meu blog mudou de visual para que seja inteiramente meu sem esconder a ninguém qual é, claramente, a minha cor favorita:)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Porto Porto

Era uma vez uma cidade. Nela havia chuva e granito. Aparentemente escura e feia. Mas era a mais bonita de todas as cidades. Nas ruas antigas com mercearias que existem desde os anos 30, anúncios em que ainda se pode ler "Pharmacia" contrastam com os posters publicitários da cerveja local. O antigo e o novo. O claro e o escuro. O bonito e o feio. Mas a minha cidade é muito mais do que isso. É misteriosa. É a nossa casa sempre, mesmo quando queremos fugir dela para sempre, é a nossa casa. Tem artistas. Tem um Santo Padroeiro. Tem um eléctrico amarelo que se passeia ora ligeiro ora vagaroso pelas ruas húmidas. Tem pontes, várias pontes, e um rio. Do outro lado do rio há um bairro de pescadores onde as casas são humildes e cheiram a limpinho. Algumas lojas mais antigas têm gatos destemidos que afugentam os ratos mais audazes e dormem nas montras ao sol do meio dia. É beleza que encanta. E hoje estou encantada.

sábado, 3 de outubro de 2009

Sentindo-me bem

Acordei. Fui ler a crónica do Luis Fernando Veríssimo no Actual. Depois do pequeno almoço liguei a música. Alterno entre o último cd dos Pearl Jam e um mocinho muito bonito e que tem uma voz inacreditável e que ficou em segundo lugar no American Idol embora devesse ter ganho:

Todos os dias aparecem coisas novas que nos deixam mais ricos e felizes...Mesmo quando tudo parece mau...Por exemplo? O Outono chegou, e embora seja a segunda estação mais bonita do ano, também traz frio...Mas a minha gatinha cheira a quentinho e a ronron e a creme nívea (:)) e no Outono só quer estar enrolada em mim e aquecer-me dentro da cama:)

De qualquer forma, vejam o vídeo, eu fico com os pelinhos das costas todos em pé:)

domingo, 27 de setembro de 2009

Domingo

Hoje, porque odeio domingos, por não poder passar os meus domingos a fazer aquilo de que mais gosto, vim cá só para deixar um cheirinho do que eu gostava de passar os domingos a fazer....é só isto....

Tudo o que eu queria era passar os meus domingos a ver Miró e Dalí...:)









Para mim não há nada mais bonito:)

domingo, 13 de setembro de 2009

"1 em cada 10 amigos tem uma irmã de fazer parar o trânsito...











...não fique para aí a dormir...".







Pois é, ando enamorada dos pacotes de açucar da Nicola. Se não reparem, não parece mesmo uma cópia das nossas agendas mentais de há uns anos para cá? Da minha sim...













Um dia faço uma tatuagem...


Um dia deixo de fumar...


Um dia abro um negócio só meu...


E, claro...



Prometo que não ando a fazer publicidade,pelo menos não remunerada! Andava para partilhar isto com vocês há muito. Adoro partilhar o que é bonito, aquilo de que mais gosto. Ando a coleccionar estes pacotinhos há muito tempo e este último até foi a imagem de apresentação do meu espaço. Prestem atenção.
Não fiquem para aí a dormir! :)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Telhados de vidro

Cara lavada. Penteado novo. Novos projectos.
Cortei o cabelo. Em parte tinha de desfazer-me de algo que me prendia a um eu mais enfadonho. Percebi que tinha mais apego ao meu cabelo do que a muitas outras coisas. E não podia. Tenho imensa dificuldade em deixar partir. Este bocado de cabelo que ia desde o meio do peito até ao início da barriga era ao que eu me agarrava. Será que era mesmo mais bonita com ele? Ou na verdade isso não importa assim tanto? Não sei, mas foi-se esse...E voltou um pouco de repa, embora ninguém ma goste, quem gosta sou eu! E a verdade é que gosto do resultado. Está moderno e fresco. Daqui a um mês vai mais um bocado e até já sei como vai ficar. Ainda gosto mais! Mas ainda não tive coragem desta vez...
Neste novo ano vou passar da frente da câmara para trás dela. Aliás passei demasiado tempo à frente dela este ano. Não pensem que não gostei. Adorei! Fazer uma curta foi das coisas mais divertidas que já fiz!
Mas eu, além de querer ser uma escritora qualquer, também queria ser artista. É pena ser alguém que ama tanto a arte, que gosta de aprender, e não poder criar também. E este ano vou mudar isso. Pelo menos vou tentar, vou aprender, e, depois disso, se se disser que não presto, então pronto. Mas como tenho vindo a surpreender-me, até porque considero que se consegue sempre o que se quer se se fizer por isso, vou arriscar! E estou super excitada!

"Enquanto houver ventos e mares....":)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Avante

Sim, este ano fui de novo. E adorei! A Festa estava linda, quente, cheia de força e cheia de vida, cheia de nós! Vi a Manuela Azevedo que devo dizer que está com um penteado incrível! Comi pimentos de padrón na Galiza e bebi sangria e cañas em Espanha. Comprei uma matrioshka na Rússia e alguns livros muito bons. Devo dizer que adoro a Festa. Gosto das conversas, gosto da música, dos petiscos, do calor, dos comícios, dos livros baratos, gosto do conceito, gosto de encontrar velhos conhecidos e novos desconhecidos! São três dias maravilhosos! Não tenho voz nem forças, mas estou feliz!















"Venham mais cinco, de uma assentada que eu pago já..."

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Estilo de Verão

Era uma vez, algures entre os Inglorious Basterds e a Alice do Outro Lado do Espelho, uma menina que a maior parte das vezes se sentia como a Alice. Na estrada punha sempre a cabeça de fora para tentar ouvir o restolhar das árvores ao vento. A brisa, de olhos fechados, é uma coisa espantosa.
As férias este ano foram simpáticas. Aliás consegui uma proeza. Cantei. E diz que bem. Pelo menos gostei da experiência. E estava muito bem acompanhada também. Já te disse que "rockas"?:)
Entre aulas de condução artesanais e amorosas, Summer Nights e Romaria(s), matrecos, as aventuras da Alice com a Rainha Vermelha e o Humpty Dumpty e os Bastardos a rebentar a cabeça a nazis estou feliz!
Como sempre, tenho saudades. O quarto do João continua vazio e eu continuo a querer ir viver para perto de ti no interior, ou no exterior...Na verdade, é-me igual.
Quero levar tudo isto para a minha casa em Cedofeita, fazer dela branca e cor de rosa e ir visitar-te todos os fins de semana, pelo menos:)

E já faltou tão mais:)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Alento

Às vezes não conseguimos conformar-nos com o que acaba. Nunca nos lembramos, quando começa ou até quando já chegamos a meio, que vai ter de acabar, vai ter mesmo de ser. Mas decidimos pensar sempre que ainda falta muito para esse dia chegar, que quando ele chegar vemos isso. Dizem-me muitas vezes para não sofrer por antecipação. Mas deixar para depois não será, no mínimo, um pouco irresponsável? Não é melhor entrar na água devagarinho em vez de ter um choque térmico?
Às vezes não conseguimos conformar-nos com o que acaba. O que está prestes. O que já foi há muito. Já foi há muito que entrei naquele avião a ouvir Neil Young. E ainda não me conformei. E já me estou a insurgir contra os próximos meses. Será que alguém me podia garantir que passa? Algum dia passa? Alguém sabe? Talvez não. Talvez não.
......................................................................................................................

Sempre que chegava a uma sapataria procurava sapatos largos. Queria-os bonitos e elegantes mas o pé nunca entrava neles. A menina intervinha. "Posso ajudar?" "Tem estes em 38?" (...) "Sabe, o pé não entra...(humpf)" "Talvez queira experimentar um número acima......?" "Não, sabe, é que eu tenho joanete, não sei se está a ver...(esfrega o joanete com veemência) veja...ja viu?...pois, eu tenho joanete e por isso é muito difícil arranjar sapatos que me sirvam..." "Pois" (...) Compreendo..." "Obrigada na mesma"...
"(Estas pessoas não sabem fazer sapatos para pés normais! Em Espanha não é assim!!"
(...)
" Perdóm...aham...Tiénes estes en preto??" "Perdona?!" "Preto!!" "(Não é preto...Em Espanha é negro...)" "Estos em negro?" "Perfeito, están mucho biem...aham...sabe...tengo rrroanete!!!, sim??"... "(...)Si, si, claro..."

Continua a haver sempre coisas giras na vida...Viver com a minha mãe é definitivamente uma delas:)


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Porque não há nada como o que é mesmo importante

Ando numas de aproveitar as férias sozinha de uma forma muito agradável. Comprei livros novos. Leite Derramado, o novo do Chico Buarque. E A Casa dos Budas Ditosos, do João Ubaldo Ribeiro. E gosto bem. Além disso estou apaixonada por Coco Rosie. Para a semana vou de férias. Rumo ao Sul. Primeiro para ti. Depois mais para baixo. E assim vou ver se consigo ser forte. Se aquilo que mais temi toda a vida e que acaba de se tornar realidade é de mais para eu aguentar ou se sou mesmo forte. Espero que sim.

E agora vou-me. Vou dar o biscoito aos bichinhos e ler mais um bocado. Porque às vezes esqueço-me de fazer as coisas de que mais gosto. E isso não pode ser. Jamais. Nunca mais.

Mesmo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Like a hurricane

Porque a vida é mesmo isso. Eu sei que sim. Mas não faz mal. Porque na realidade ela só vale a pena porque tu existes. E porque ainda há algumas pessoas como tu. Felizmente. Continuo sem saber o que dizer. Mas acho que tu entendes que é por te amar tanto. E não há nada mais verdadeiro e eterno do que isso.
Sabes, nunca me esqueço daquele dia em que foste ver-me. Foste porque eu chorei e porque precisava de ti. Foste pobre, sem tempo real e cheia de sorrisos e abraços. Nunca senti tanto a concretização da essência da partilha como nesses dias. E adorei.
Há muito tempo que entras nas minhas histórias. As que escrevo e as que conto. E principalmente as outras todas.
Porque és tu e porque sem ti não teria tantas histórias para contar e se calhar nem teria este espaço para o fazer:

Uma vez, estávamos no Água de Côco bêbadas e queríamos pão para o pequeno almoço. Eu subornei o senhor para me vender um pão de forma inteiro pelo preço de uma tosta mista. Na praia deitei-me sobre ele para fazer de almofada. De manhã, eu e tu, descemos as dunas com as toalhas presas ao pescoço e as mãos para a frente. Qual Super-Mulher. Pão de forma de baixo do braço e toalhas às costas encontrámos uns baloiços amarelos concebidos para meninos até aos 12. De tanto saltarmos caíram os dois e ficamos estateladas no chão.
Em casa fizemos tostas mistas com o pão de forma cheio de areia. Tu foste a única que não deitou o pão fora. Comeste tudo e não te zangaste comigo.

Por ti vou até ao fim do mundo!:)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Do avesso...

Tenho-me apercebido que ando a fugir àquele que é o propósito deste meu espaço. Deveria contar histórias. Histórias que começam por "Foi assim..." e que terminam em "...e foi assim". Porque as histórias, oralmente, contam-se assim.
Ando com um certo azar. Talvez seja só preguiça e um pouco de vergonha na cara que não me deixa escrever certas coisas, pelo menos. Algumas nem quero repetir em voz alta (tenho medo que passem a ser reais). Não fiquei no meu estágio. Era o meu sonho e não fiquei. Porque as 3 linguas e meia que falo não interessam. Devia ter ido para russo, talvez chinês.
Não é normal um adulto que estudou o que queria, que gosta de cultura, de aprender e que sabe para que é que tem vocação não fazer a mais pálida ideia do que quer ser quando for grande. O pior é que já sou grande.
E eu que só queria ser pequenina para sempre...
:)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Teorias da conspiração?

Vocês devem saber como funciona o SNS em Portugal, certo? Eu cá, pelo menos, tenho passado horas infinitas com consequência desagradáveis nos centros de saúde.
No outro dia, tinha uma ferida de proporções gigantes no dedo polegar da mão direita que tinha fechado em falso fazendo com que o dedo parecesse do tamanho da minha cabeça. Acordei às 8h e fui acordar a minha mãe para ela me vestir porque nem isso conseguia fazer sozinha. Com muita dificuldade caminhei para o centro de saúde onde esperei umas parcas 6 horinhas por uma médica que me visse. Quando finalmente apareceu e eu lhe mostrei o dedo (com cara de choro, claro) expliquei que nem conseguia apertar o soutien sozinha pelo que agradecia muito se ela me desse drogas fortes para conseguir ir trabalhar. Ela respondeu: "Oh Inês, não acha que está a exagerar? De qualquer forma toda a gente sabe que o soutien se aperta à frente!!!". Toda a gente menos eu, pelos vistos. Disse que me dava um antibiótico mas só porque eu estava a pedir muito e que deixasse o Brufen que isso não fazia nada e que dali a uma semana fosse lá para me abrirem o dedo com uma agulha (!!!). Eu disse-lhe que sou alérgica à penicilina e fui-me embora. No dia seguinte quando acordei as minhas pernas tinham-se transformado num monte de bolhas vermelhas. Curiosa fui ler a posologia do antibiótico e descobri que tinha penicilina. Fui à farmácia explicar que a senhora me estava a tentar matar de choque anafilático mas não me ligaram. Fui a outra farmácia onde uma senhora muito simpática finalmente cuidou de mim.
Ora, esta semana voltei lá. Só queria que me passassem umas análises que tenho de fazer de dois em dois meses. Coisa simples. Só lá estive 2h30 porque era rápido. Mal entrei no consultório a médica perguntou o que era ao que respondi que eram as análises e se por favor não se importava de as passar. Ela viu o que o médico tinha pedido e disse: "Mas porque vem fazer estas análises? É por ser gorda?". (!!!!) Ao que eu disse "Não, é porque eu tenho um problema que é o seguinte....SOU DOENTE DA TIRÓIDE". Parece-me bastante lógico, não?
Basicamente o que acontece é que em Portugal ser doente e pobre não está com nada. Os médicos que não nos tentam matar tentam destruir a nossa auto-estima e saúde mental.

O que me alegra é saber que a nova geração de médicos é só boa gente que se preocupa:)
Além disso também são todos meus amigos;)
Se sobreviver até lá...lucky me;)

terça-feira, 30 de junho de 2009

"Happiness is only real when shared"


Perfeição. Into the Wild. Além do facto da banda sonora ser praticamente toda da autoria do Eddie Vedder,o filme impressiona. É de uma beleza pura que mexe connosco e que nos mostra que a beleza natural das coisas é a única coisa que realmente importa. É preciso fugir da hipocrisia, da estupidez, do tudo que é nada. A verdade é que se ouvirmos The Wolf em silêncio, se fecharmos os olhos, mesmo sem termos visto o filme, ela consegue arrancar o melhor e o pior de nós às emoções. É pura e forte por si só. Tal como a cena do filme em que ela aparece. Somos só nós e a nossa liberdade de viver e sentir...E porque não há de ser assim mesmo? Porque não havemos de conseguir sobreviver sem tudo o que nos corrompe? E se não conseguimos mesmo, então porque não havemos de poder ser felizes em momentos em que atingimos a perfeição? Porque ela existe, em algo que vemos, em algo que ouvimos, em algo que sentimos. Tanto existe que aqui está ela, em forma de filme, em forma de história real, em forma de banda sonora cantada por esse génio. Perfeição.
Devo apenas concordar com a última frase. Para quê tanta beleza e tanta perfeição se não podemos partilhá-la com alguém? É essencial ter com quem partilhar tudo isso. Eu também quero partilhar, vejam o filme e ouçam as músicas.
É realmente bonito.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

No S.João toda a gente mete a mão!:)

S.João: manjericos, farturas, bailaricos, cerveja, música, vinho, sardinhas, pimentos, arraiais, bolota, alho porro, martelinhos, balões, beijinhos na boca, histórias bonitas, pois.

Gosto de festa. Principalmente das populares, dos santos. Gosto de ter desculpa para festejar até de manhã e gosto do que é típico. Esta é a festa da minha terra. E eu gosto da minha terra.
E, minha gente, se no Carnaval ninguém leva a mal, no S. João ninguém diz que não!
Viva o S.João e a minha terra tão linda. As cinco pontes e o pôr do sol no rio. O vinho do Porto e as casas da Ribeira. A nossa pronúncia, a nossa alegria, a nossa festa!

Este ano foi assim,só faltaram vocês:)


domingo, 21 de junho de 2009

Melhor é Impossível

Há coisas que o Homem criou que completam um ciclo e fazem com que nos apaixonemos mais um bocadinho pela vida todos os dias. Há coisas criadas por certos Homens que são justamente essa paixão,caso houvesse uma boa definição para ela. Hoje,para mim,vêm todas do Brasil.
Sei que é considerado bom, mas não o melhor. Para mim é um dos melhores de todos. Jorge Amado escreve como se pintasse. Não há muitos que nos fazem conhecer um lugar com tanto pormenor e imagem como ele. Ele é cor,sentimento, dor e alegria, sabor, cheiro, Carnaval. É um homem que amou a sua terra profundamente não só pela sua imensa beleza mas pelos seus imensos problemas também. Há uma linha muito clara e ténue ao mesmo tempo entre o muito mau e essa alegria e beleza que ele via na sua terra. Confesso que estou apaixonada por cada livro dele que tenho vindo a ler desde há alguns anos. Ontem comecei um novo.

A seguir a este há mais três Homens que são perfeição. Três génios, a começar pelo Vinícius. Ele ama o que é bonito. A Mulher principalmente, de maneira mais poética que pode haver, ainda que muito verdadeira. Adoro os sonetos e poemas. Mexe comigo e deixa-me de sorriso nos lábios.

(...)
"E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, pôsto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure".

Soneto de FIdelidade

O outro SENHOR que é perfeição pura em tudo o que faz e mais, cria, cria sem parar e sempre bem, é Chico Buarque. O tal com quem todas as mulheres do Brasil e do mundo estão autorizadas a trair os seus maridos, por ser quem é:) O tal que escreveu a Ópera do Malandro, algumas das músicas que mais amamos são dele. Nunca faz menos que perfeição. Além de tudo isso também é escritor. O mais interessante é que quando li Budapeste comecei a pensar que esperava mais dele,quando cheguei ao fim nem queria acreditar. Tudo fez sentido e encaixou tão naturalmente,tão tipicamente dele que até me senti mal por ter desconfiado:)

Por fim, sou louca pelas crónicas do Luís Fernando Veríssimo,como já sabem. Sobre ele já me alarguei noutro post pelo que não o farei de novo. Só para reforçar as gargalhadas até às lágrimas. Adoro o Homem:)

Para terminar deixem-mo só dizer que há artistas tão bons no mundo que só gostava de os conhecer a todos. Agradeço muito por conhecer estes e conseguir aprecia-los:)

Como disse o Jack Nicholson no "As Good As It Gets" : "The fact that I know this makes me feel good....about myself!":)))

domingo, 14 de junho de 2009

Insólitos mundo

É engraçado como assistimos a uma quantidade de coisas na vida que são completamente insólitas. Às vezes ponho-me a pensar nessas coisas que nos arrancam gargalhadas ou sorrisos ou simplesmente uma ligeira elevação do sobreolho, nos casos piores.

Autocarros de dois andares. Acho a coisa mais deliciosa do mundo,mais pitoresca e mais estranha. É que o Homem querer voar,pronto, é d'Homem, certo? Querer andar na água também se entende bem. Carros, mais que óbvio. Autocarros de dois andares é que é uma invenção surreal. E linda também. Acho incrível ver aquelas sanduiches gigantes e no entanto nada desajeitadas a passear por aí. Em Londres a primeira coisa que fiz foi saltar para um.
Quando fui ao Vaticano uma turista foi-se a uma pia de água benta onde enfiou uma garrafa de plástico que encheu calmamente. Deve ter pensado "Pronto, já estou aviada para um ano!".
Farto-me de rir com tremoços. Não há nada mais cómico que ver um estrangeiro a tentar arrancar a casca e os tremoços a voarem para todos os lados até eles desistirem e recomeçarem a comê-los com casca.
Também acho muita graça a grupos de japoneses com máquinas fotográficas e imagino sempre as fotos deles como ficarão. Porque são tantas sempre, todo o grupo ou cada membro de família tem uma máquina e tiram as mesmas fotos aos mesmos monumentos e lugares. Um bocado como eu e a Lua no Zoo...
Outra coisa bizarríssima são as papas de sarrabulho. Uma vez fui a um restaurante na Ribeira que tinha o menu em português e em inglês. Dizia o seguinte: "Papas de Sarrabulho - Boiled Blood of a Pig". Deve ter feito um sucesso desgraçado no meio da comunidade turística da época, I can only imagine...
Acho um máximo ver portugueses a tentar falar outras línguas das quais não têm nem uma pálida,breve,desvanecida ideia. Na faculdade uma vez, uma funcionária aflita abordou-nos no corredor e disse: "Estou muito aflita e a precisar de ajuda, vocês falam estrangeiro?!". O mais cómico é que quando é assim a tendência é falar cada vez mais alto e cada vez mais soletrado e lento. Uma delícia mesmo.
Acho giro podermos gozar com o mundo de vez em quando e não ser só ele a gozar connosco. Principalmente acho giro haver coisas que se mantêm eternamente. Mesmo que seja um eterno com prazo é um eterno que passa por nós. Ou seja, podemos sempre dizer "Há coisas que nunca mudam,e ainda bem"!




terça-feira, 9 de junho de 2009

O invencivel Capitão Portugal, esse grande senhor!!

Hoje estou feliz. Tive uma semana maravilhosa. Já vi a minha curta-metragem e estou super contente com o resultado! Embora tenha de confessar que é estranhíssimo ver-me na TV a falar mau italiano e com roupas giríssimas gostei! Gosto bem! Só para uma espreitadela aqui estou eu em Trás-os-Montes a ser filmada e fotografada sem saber.Hoje, na aula, perguntei se alguém sabia quem era Freud.Obtive 2 respostas. A primeira foi: Em que contexto, stôra? (...) A segunda foi: O jogador de futebol? (Froyd, aparentemente, assumo a minha ignorância).
De seguida o André dissertou largamente acerca de Super-Heróis. Eram eles por ordem de escrita e fielmente por mim citados aqui: Home Haranha (...) Super Home, Xman, Tomb Rider, Capitão América, Tio Patinhas (...) e Capitão Portugal. Esse confesso que desconheço. Mas pronto. Era isto:

"Eu conhessi a desenha (Banda Desenhada) porque um dia tava sem nada pra fazer e valculhei (Vasculhei) um baú onde vi um libro do Home Haranha que gostei muito porque ele andava à luta e também gosto muito do Super Home e da Tomb Raider e do Tio Patinhas mas tenho um preferido que é o Xman por causa das suas garras que metem medo e claro não podemos esquecer a sua maravilhosa ecipe (!!!! Equipa) que é elementos que eu não sei o nome mas que tão lá no filme principalmente o chinês que é muito fiche e o Capitão Portugal também é muito fiche apesar de não ter poderes nenhuns porque é mais fraquinho e só tem um escudo como o Capitão América"!!!!

And so on and so on sem vírgulas nem pontos finais....e é isto a minha vida. Ainda assim por pouco tempo, dentro de duas semanas vou para o desemprego. Ou como diriam os meus colegas que acabaram o curso e não arranjaram/procuraram emprego: estou de sabática! (mas sem a parte de serem pagos, ora bolas...tsc tsc).

Hoje é tudo. Queria partilhar. Faz parte.






sexta-feira, 29 de maio de 2009

Devaneios?

Já vos disse que vos adoro? Adoro-vos. E tenho tantas saudades. Há-de ser sempre assim. Já passei a fase de achar que não. Gosto que seja assim. As pessoas existem somente porque há pessoas que sentem a sua falta. Nem que seja no andar de cima. Nem que seja a 300km. Nem que seja noutro país. Nem que seja do outro lado do mundo. Disseste que já não sabias se eu existia realmente, e no entanto o facto de pensares em mim faz com que seja real.
Gosto de ter um cantinho meu, aconchegante, com vocês todos. Estava a pensar em Kings of Leon, Use Somebody. Será que nos usamos uns aos outros para nos sentirmos bem connosco e em sociedade? Será que há muito mais além do uso viciante e apaixonado que damos uns aos outros? Não me interpretem mal, por esta ordem de ideias diria que gosto de usar e ser usada, mas a verdade é que os outros fazem com que nos sintamos bem. Mas às vezes temos de ficar sozinhos. Fazer uma desentoxicação, talvez. E começar de novo, geralmente com as mesmas pessoas.
No entanto hoje não estou com dúvidas existenciais. Ando simplesmente a ver demasiado Sexo e a Cidade. Além do que, tenho muitas saudades vossas. Só isso.
Agora vou fazer a mala, ando há demasiado tempo a perder tempo. Viva Lisboa e a calçada portuguesa:)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

She's like a rainbow...

Sim. Tens razão. E a verdade é que nunca escrevi nada acerca do assunto. Toda a gente tem uma cor. Não entendo como há pessoas que não vêem cores nos outros. Para mim és Branca. Pelos vistos eu sou Amarela. Não sei. Nem acho que tenha a ver com algum aspecto de personalidade mas sim com uma espécie qualquer de aura que se transmite. E que faz com que tenhas cores diferentes para pessoas diferentes. Sei a cor de cada um de vocês para mim.
Às vezes é tão difícil crescer, habituarmo-nos ao facto de que as pessoas desaparecem da nossa vida e que por vezes é para sempre. Há, assim, cores que nunca mais vamos ver.
Ontem estava a caminho de casa com a minha mãe e vínhamos as duas a cantar músicas tradicionais, antigas. (..."quando eu era pequenino, acabado de nasceeeeeeer.........ainda mal abria os olhos, já era para te veeeeeeer"....). A minha mãe canta bem que se farta. Ela também é Branca. Será algo relacionado com o amor incondicional? Porque tu nem sempre foste Branca...engraçado...já o és há muito, porém.
O meu arco-íris do momento é este: Branca, Vermelho, Castanha, Amarela Torrada, Azul, Verde, Vermelha, Amarela-Vermelha, Vermelho...

"
She comes in colours everywhere, she combs her hair, she's like a rainbow, coming colours in the air, oh everywhere, she comes in colours"...





segunda-feira, 18 de maio de 2009

Se a tua vida desse um filme que tipo de filme seria?

A vossa vida tem banda sonora? Acho que todas têm. Quem nunca andou na rua com uma música incrível aos berros nos ouvidos e não se sentiu como se estivesse numa passerelle em que todos os que estão a ver nos acham o máximo e estão a ouvir a mesma música que nós?

Pois bem, se a vossa vida desse um filme que tipo de filme seria? Um filme indiano sem orçamento, com ursos, lenhadores, moçambicanos e escuteiros? Um filme comercial com montes de actores famosos? Talvez um filme alternativo mas cheio de patrocínios? Não sei.
Se a minha vida desse um filme era um musical. Mas daqueles que são só momentos e em que a banda sonora é incrível, assim ao estilo da do Lost in Translation ou da Marie Antoinette ou simplesmente de qualquer filme da Sofia Coppola que tem sempre as melhores BS da História. No meu filme a música não pára nem um segundo. E de vez em quando também aparecem All Stars.
Quando tive o acidente houve um momento, quando estava a voar em cima do carro, em que o mundo parou e só existia eu e o ar. Foram 5 segundos intermináveis. Não vi a vida toda à frente dos olhos nem nada que se pareça, aliás honestamente acho que isso não acontece a ninguém, mas não sei. Na verdade não vi nada mas simplesmente fiquei em paz. O que não deixa de ser curioso uma vez que estive perto de morrer e no entanto senti-me em paz. Música havia com certeza, só ainda não decidi qual era.

O meu filme resumir-se-ia a momentos musicados. E vocês são todos protagonistas porque no meu filme não há personagens secundárias. Tal como na vida.
O primeiro momento é na praia. Estamos as quatro de biquini em Vila Chã, os primeiros passos na boémia. A banda sonora original é Fiona Apple e Mamonas Assassinas. Com este último dançamos com vassouras. E corta.
Quero um momento em que esteja a dançar freneticamente com vocês todos. A banda sonora seria um misto de Mika, White Stripes e Arcade Fire. Não perguntem. A dança quero-a em câmara lenta, para se verem bem os sorrisos e os movimentos e as bebidas a saltarem dos copos.
Quero um momento em que esteja a ler. Tenho de estar a ler os Maias. A ouvir Nirvana também.
Quero flashes das viagens. "Should I Stay or Should I Go?". Quero flashes dos concertos todos. Quero Tricky para começar, já que foi o primeiro de todos. E depois os outros, aos bocadinhos.
Quero-me na Festa do Avante a ouvir o senhor que matou o polvo à paulada. Mas só eu é que sei que é isso que ele me está a contar, e a música é Clã.
Quero uma imagem do Euro 2004, eu e a Marina a beber Kalash e a música é Green Day.
Há um momento em que estou triste. Mas é só esse. A banda sonora é a "Black" e o "Hallellujah".
Há uma cena só com a Lua. A banda sonora é Pearl Jam também, mas não só. Neste caso a banda sonora somos nós a cantar "You're The One That I Want". Temos t-shirts verdes e repas, mas só nesta cena.
Há uma cena com o Luís, estamos a discutir títulos de músicas de forma muito acesa e de fundo temos Rage Against the Machine. Há outra em que o João está a passar por baixo das minhas pernas ao som de Beatles.

No fim do filme, ouvimos os The Killers a cantar "Exitlude":

We hope you enjoyed your stay
It's good to have you with us
Even if it's just for the day
We hope you enjoyed your stay
Outside the sun is shining
It seems like heaven ain't far away...

E é o Fim.
Gostava que a leitura deste post fosse acompanhada por Read my Mind dos The Killers. Foi todo escrito ao som dela. Mas também suponho que seja a minha Banda Sonora e que por isso talvez não faça grande sentido.

Só tinha um pedido a fazer. Queria que o Ricardo Araújo Pereira fizesse de mim, pode ser?








quinta-feira, 14 de maio de 2009

Estou além...mas onde?

Não gosto de tomar decisões. Pelo menos das difíceis. Às vezes só queria ir para longe, esconder-me em qualquer lugar bonito, onde só houvesse praia, mar, calor, livros, música e mais nada absolutamente. Dormir todos os dias até acordar sozinha mas nunca com dores de cabeça. Não ter fome nem sede. Não ter saudades de ninguém. Ser só eu.

Cheguei à conclusão que não é de férias que preciso porque ninguém precisa permanentemente só de férias. Na verdade acho que preciso é de refúgios permanentes dos sítios anteriores. Gosto imenso do António Variações. Acho que ele era genial, as letras dele revelam um entendimento do mundo e da realidade que toca a perfeição. Um homem sem instrução, que era cabeleireiro, que para o mundo, nessa fase, não passava disso mesmo, e que no entanto quando começou a compor provou ser um homem de uma inteligência superior. Há uma música dele que descreve o meu sentimento permanente, e sei que não sou a única a sentir-me assim.

"Estou além":

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar a quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só

Quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar o meu mundo, o meu lugar
Porque até aqui eu só

Estou bem
Aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

As pessoas ouvem muita muita música, ouvem muitas letras, mas não pensam muito nelas às vezes. Isto revela exactamente aquilo que eu sinto a maior parte das vezes, queria não ser assim, mas nunca consigo. Isso atormenta-me. Penso muitas vezes que se calhar vou ser eternamente insatisfeita, e se for não posso fazer nada contra isso.

Verdade?

domingo, 10 de maio de 2009

Se não fossem os gostos, o amarelo era mesmo ostracizado?

Precisava de um lugar onde depositar pensamentos, como o do Dumbledore, sabem?, É um bocado assustador quando parece que já não há espaço nem sossego. Estive a pensar, fala-se muito de memória selectiva, sei bem o que é, mas no entanto ela não trabalha como devia. Se eu pudesse usar a minha memória selectiva a 100% seleccionava exactamente o que eu queria e apenas isso. Era a pessoa mais espectacular do mundo. E sempre que precisasse de levar um tabefe a minha consciência, ou seja a Lua, levava-me ao sítio onde eles estavam. Mas só às vezes, para que o resto do tempo fosse sossegadinho.
Mas acho que são as imperfeições que nos fazem ligar-nos uns aos outros. Há sempre algo a detestar nos outros, e a adorar também. Até o Rui Rio tem um excelente sentido de humor, e no entanto é um patife. Adoro a palavra patife, acho que nunca a usei antes.
Se pudesse fazer só o que me apetecesse ia desgraçar tudo, e o mais provável era ficar frustrada. O mais engraçado é eu saber disto e ainda assim tentar sempre fazer exactamente só o que me apetece. Não sei ser diferente. Da mesma maneira que nunca vou ter sardas nem olhos verdes nem ser morena e muito menos ser cantora.
Gosto de pessoas. Mas não gosto da estupidez. E tenho uma tendência terrível a achar os outros sempre muito estúpidos. Talvez fosse isso que me querias dizer naquele dia em que discutimos no carro:) É verdade, mas é isso que me faz tentar escolher bem os meus amigos. Para mim tu és perfeita.
E se eu nunca mudar?, E por mudar talvez queira dizer crescer?, Queria ser uma pessoa melhor e não posso porque sou sectária e intransigente. E no fundo gosto disso em mim. Estranho?

Preciso mesmo de um lugar que possa trancar e deitar a chave fora onde colocar isto tudo. Esta é uma experiência, se resultasse era mesmo bom.
Ainda assim adoro amarelo.

domingo, 3 de maio de 2009

Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há...:)

Ando pensativa. Já não é de agora, mas ando. E penso em coisas que me fazem tanto bem quanto mal. Penso como seria bom voltar atrás no tempo, o tempo preciso, até esse eu sei. Datas exactas para onde queria voltar. Sinto que desde aquele dia nunca mais me encaixei como devia, como todos os outros como eu voltaram a encaixar-se. Todos menos eu?
Na Galiza uma das maiores tradições é a existência da bruxa. Lá chamam-se "meigas", há-as em todo o lado à venda. O provérbio vem de lá, da Galiza. O Euclides sabe-o bem.."No creo en brujas pero que las hay hay". A minha conclusão é lógica e faz sentido. Fomos contagiados. Sabemos que nos veremos lá sempre, que sempre estaremos ligados àquele lugar.
Mas isso eu soube a primeira vez que lá pus os pés em miúda. Lembro-me que disse ao meu pai: "Paizinho, um dia vou viver aqui, tenho a certeza!".
É uma cidade pequena, Santiago. Tem uma praça principal que tem em frente a Catedral. Costumava ficar horas parada a olhar para ela. Às vezes o Euclides acompanhava-me no silêncio. Tem magia. Não sei explicar porquê, mas todos a sentem. Do lado esquerdo o hotel dos reis, por trás uma extensão de qualquer coisa governamental e do lado direito o início do casco histórico. A rua que atravessa o casco até à parte nova é essa. Mas o bonito é não seguir em frente, mas virar à direita ou à esquerda onde nos apetecer e entrar no coração daquela cidade. As paredes quase que respiram, têm muito para contar:) Se calhar é por isso que lá chove sempre, é preciso limpar tudo o que ali se passa, século após século ou simplesmente dia após dia durante seis meses, um ano, uma vida.
De frente para a Catedral, do lado esquerdo, há uma passagem coberta, toda de pedra que dá para a rua da Praça de Cervantes e que é onde os músicos tocam. A acústica é maravilhosa. A primeira memória que tenho dela é de quando tinha uns 15 anos e andava a passear sozinha por lá e ouvi um clarinete a tocar Hey Jude. Lembro-me que me encostei à parede em frente ao homem que tocava e fiquei ali parada muito tempo. Acho que foi aí que decidi que queria viver ali. Há dois anos quem lá tocava era o Chris, um americano muito simpático, que tocava Bob Dylan ou Nirvana ou Pearl Jam e tudo de que gostamos. Para ir para casa tinha de passar por ali e por isso ouvia sempre uma música bonita, ficavamos na conversa um bocado os dois e depois ia embora pela rua e ouvia-o ao longe. Gostava disso.

A Praça de Cervantes e a rua que lá vai dar tem os meus 3 sítios favoritos de Santiago. O primeiro, à esquerda logo, é o Albaroque. Um bar muito giro que tem uma decoração incrível e uns donos do melhor. Ali servem kalimocho com gomas, em vez de amendoins ou tremoços. Um litro de kalimocho e um prato de ursinhos vermelhos. É uma iguaria. Tinha também um rapaz à porta a entregar panfletos. Às vezes não trabalhava nada. Gostava disso.

A seguir, à direita, é a casa do Euclides. O Eucli vivia com a Jessica num último andar de um prédio incrível no coração da cidade. Era muito pequenino, o sotão. Tinha uma sala pequena e muito acolhedora onde havia um sofá, uma mesa redonda, que era onde jantávamos todos os dias os 3. Às vezes a Elena também vinha. Tinha também um fogão e uns 3 armários para louça e um frigorífico. Depois havia o quarto e a casa de banho. A coisa mais maravilhosa era a janela. Aberta era um quadro. Uma fotografia. Não sei bem. Tinha a vista mais bonita da cidade inteira.

Mais à frente, à direita, é o Agarimo. Um café simpático onde tocam uns senhores espanhóis que sabem músicas incríveis e têm vozes que fazem sorrir. Agarimo em espanhol significa Carinho.





(Santiago é uma cidade belíssima. Simpática e acolhedora. É daqueles lugares que gritam BEM-VINDO, AMIGO).



O meu tempo lá não se resumiu às pessoas incríveis com quem vivi e partilhei tudo. Há toda uma quantidade de detalhes, de pedras da rua que têm histórias minhas agora também. Os patos do lago em frente a minha casa. O campo de relva também em frente a minha casa onde os polacos se descalçavam para sentir a relva molhada nos pés e faziam piqueniques sempre que havia uma raríssima réstia de sol. A chuva. A muitíssima chuva. As ruas a subir. A livraria. A praça que tinha a sombra do peregrino e onde me sentava no chão a ler todos os dias. O Caminho. As tapas, e as pizzas médias. As rodas de capoeira. A minha varanda branca e estar lá na conversa com o Euclides e a Jessi, a Elena, o Josemar. Os passeios nocturnos. O meu guarda chuva cor de laranja.





Fui enfeitiçada!:)


















sexta-feira, 1 de maio de 2009

Viva nós

Chateia-me que as crianças não tenham imaginação. Quando nós eramos miúdos, (tudo bem que tivemos imensa sorte) nós voávamos. Podia ter de escrever sobre a coisa mais inenarrável possível, mas fazia-o sempre e bem. Nós, os que nascemos nos anos 80, tivemos os melhores desenhos aninados de sempre. Confirma-se que hoje as crianças são alienadas, torpes. Mas não nós! Ao sábado e ao domingo, pelas 7h, o Miguel acordava-me ou eu a ele, e íamos para a sala fazer maratonas de Korn Flakes sem leite e desenhos animados. Não chateavamos ninguém. Era só Tom & Jerry, Cavaleiros do Zodíaco, O Bocas, o Dartacão, o Dragon Ball , os Marretas, a Rua Sésamo, e sei lá eu que mais, mas era bom! Ao fim da tarde, como era lógico, tinhamos o Baywatch, esse belo mundo de cujos posters o meu quarto era forrado. O MacGyver, com quem todas queríamos casar, e até o Esquadrão Classe A que acho que se visse agora até me contorcia toda, mas de que gostavamos, claro. Assistimos também e com alegria ao nascimento do Super Mário, o primeiro jogo de vide, era a loucura total.
No outro dia pedi ao André, o selvagem mais selvagem de todos os selvagens que tenho de ensinar diariamente, que me fizesse uma composição sobre a sua viagem de sonho. Coisa básica, de 4o ano, porque o menino que é do 6o não sabe escrever. Depois de meia hora de gritos e lamentos porque "não sei, não consigo e quero lá saber'es" obriguei-o na base da ameaça e fê-la. E que nos disse esse menino que tudo de que gosta na vida é de jogos de computador e ler livros sobre a vida sexual mas só dos que têm muitas imagens? ("É oh stôra, eu não bou ler Os Cinco, que gránde seca, fuago, não tem images nem nada, é porque bou mesmo!!!").
Pois o que ele escreveu foi algo como "De manhá, a minha máe disse-me oh filho como tirastes boas notas os teus abós bõm-te lebar a disneilande e também bais receber uma paichaichen nos ános, fui á disneilande e foi muito fiche porque bi muitas coisas e foi assim a minha viajem chão!!"
Depois de várias tentativas a justificação foi que "eu escrevo como falo" (efectivamente, isto em alfabeto fonético talvez se fizesse uma coisa gira!), e que o "chão" final é na verdade o aluno a ser extremamente bem educado com a prof que é uma chata mas prontos, e a despedir-se dela. (Xau?!). Delicioso.
Ou seja, na verdade não sei que lhe faça, irrita-me profundamente e só serve para confirmar que não gosto de crianças, pelo menos deste tipo. Já agora, se este post tiver algum erro peço que me perdoem, é por osmose..
Mas voltando atrás, queria dizer que não me contenho de felicidade por ter sido previligiada e ter nascido quando nasci. Por ter tido tudo isto e viver com isso na memória. A maioria das coisas nem quero rever, para não destruir a minha infância, prefiro que fique tudo no baú das memórias e poder dizer confiança "Tive uma infância do caraças!!!". O que se confirma visto que tenho conversado sobre isto com vocês e sei que é geral.
Sabe bem!
Pois bem, a minha viagem de sonho? América Latina toda, uns dois anos se possível. Brasil, Cuba, Chile, Peru, Argentina, Bolívia, Uruguai....Menos Colômbia e Venezuela por medo, mas até aí gostava de ir. Ainda a vou fazer, tenho a certeza. Ai bou bou!!!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O tal lado bom

Há três anos fui a Lisboa ver o grande Eddie e os Pearl Jam. O concerto foi maravilhoso,lembro-me que chorei como louca e só queria que não acabasse. Quando acabou, as meninas foram a casa e eu fiquei. A verdade é que, um bocado depois de toda a gente ter ido embora,nós ficámos por ali na parte de trás e o Eddie saiu lá de dentro. Não era nada a imagem que eu (ainda) achava que ele tinha,estava velho, ar cansado, bêbado, ou seja nós achámo-lo lindo e perfeito e fomos lá a ver se, pelo menos, lhe tocávamos. Tu abriste a boca 3 vezes mas não saiu som nenhum. Lembro-me perfeitamente de ficares especado quando estavamos a ficar mesmo pertinho e parecia que tinhas os pés colados ao chão, de boca aberta. Dei-te um empurrãozinho e conseguimos tocar-lhe. Ele foi muito simpático "Thank you, guys, thank you". Lembro-me da voz dele. Grave, quente, vinho do Porto, genial.Há histórias bonitas na vida,só espero nunca as esquecer. Às vezes sinto-me como o Edward Bloom, como se se eu transformar uma história em algo mesmo especial e a contar assim vai ser sempre mais emocionante e vai sempre durar mais no tempo também. A esta que contei não acrescentei nada, foi mesmo assim, e ainda bem.No Big Fish, quando o Edward está no circo e vê a mulher dos seus sonhos o tempo pára. É mesmo bonito, tudo fica suspenso no ar. Eu quero ser assim e ter amigos que são gigantes bonzinhos e viver numa cidade perfeita de tão linda onde não se podem usar sapatos. O mais perfeito desta parte da minha história? O Eddie compôs uma música para este filme. É o nosso filme favorito, a nossa banda favorita e nós estavamos lá,sempre estivemos lá,e o tempo sempre parou. Bom ou mau, foi mesmo assim.

domingo, 19 de abril de 2009

Is there a bright side in your life?

Não posso dizer que seja feliz. Posso dizer com muita confiança que quero ser feliz. Aliás, no fim de tudo e de tantos pensamentos tantas vezes destrutivos, concluo que só uma coisa me importa na vida e vivo por ela e para ela. Quero ser feliz. E não preciso do céu para isso. Não preciso de ser rica, não preciso de ser perfeita. Não preciso de nada. Excepto do que quero da vida. Quanto ao que é, é relativo. Eu sei o que é, e chega.
Mas não, não sou feliz. Não a maior parte do tempo, pelo menos. Estou muito cansada de lutar pelo que não posso ter. De tentar construir coisas que não querem ser construídas. Estou farta que me olhem sem me verem. Quem me queiram sem saberem o que querem. De eu querer quem não tem noção do quanto já quis. Cansada, é a palavra. E assim sigo. Continuo a construir. Mas por mim só. E até já cheguei algo longe. Às vezes até chego a ficar orgulhosa de mim, não são muitas, mas acontece, juro.
É para isso que existem as sextas-feiras à noite, não é? Pois bem, para mim sim. E assim hei-de ser chamada para o meu estágio. E hei-de fugir daqui. E hei-de encontrar e os caminhos certos. E principalmente, não vai faltar muito.
Mas não posso viver triste porque assim não sou eu. E não gosto de mim assim. Por isso vejo sempre o lado bom de tudo. Talvez seja esse o problema?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

The Piano Has Been Drinking (Not Me)


Queria partilhar duas coisinhas hoje. Uma delas é gira, estou aqui a acabar a tradução de um livro que alguns gostarão de ler, são teoricamente as maiores histórias de amor de todos os tempos mas 90% são tragédias com muito álccol, droga, tabefes e morte...o amor da vida da Callas ou do Cary Grant que nunca mais puderam esquecer os bêbados e adúlteros dos cônjuges e patatipatata. Enfim uma lamechice e uma treta, é tudo doido. Mas uma ou outra vale a pena. Mas já me desviei. Esta parte não é de todo a coisa gira. A coisa gira é que estou muito quentinha e a ouvir Tom Waits e tenho a Spa enrolada numa manta em cima da minha secretária ao lado do computador. Bonito ver que embora haja um sofa, uma cama e um puff no meu quarto ela prefira estar num sítio duro mas ao pé de mim. Adoro. Nada mais doce e confortável que um gato, um copo de vinho ou de leite (:)) uma manta, Tom Waits, e uma tradução. Faria isto para sempre todos os dias.
A outra coisa que quero partilhar é esta. Queria mostrar o meu desapreço ou diria até asco, pela existência e palavras e atitudes e sons em geral emitidos pelo anormal do Berlusconi. Então aquelas pessoas a queixarem-se todas para quê? Ele há cada um. Estão a fazer uma espécie de acampamento do tipo de vá para fora cá dentro e não lhes falta nada e ainda choram por cima? Têm cá uma lata estes italianos. Quem é que precisa de casa? A aventura é que está a dar. Têm água e comida em abundância e um bocadinho de frio e chuva nunca fez mal a ninguém. Toda a gente sabe que quando os espartanos nasciam era logo postos do lado de fora da porta na primeira noite para enrijecer. Quem acordasse morto era porque também ia ser fraco, não era chorado. Assim é que deve ser. Um país muito rico, não é? Não precisam da ajuda de ninguém porque 270 mortos nem é nada de mais, essa agora.
Muito bonito. Só espero que seja mesmo verdade que o mundo está a mudar e que nos vamos livrar em breve de todos os fascistas perigosos disfarçados de grandes senhores. Porque caso contrário vai dar para o torto, afinal de contas podemos não ter vivido entre 1929 e 1975 mas o que existiu pelo meio não foi bonito de se ver, não tenham dúvidas...
E por hoje é tudo. Vou traduzir o Kurt Cobain e a Courtney Love. Duvido que seja uma história muito bonita de grande amor. Mas tem de ser.
Siga para bingo.

domingo, 5 de abril de 2009

Palavreado

Há umas palavras de que eu gosto muito. Fiz uma listinha no outro dia e vou partilhar!

Nenúfar
Devassa
Açoite
Portinhola
Supimpa
Escarcéu

Bambu
Galheta
Guardanapo
Baunilha
Kiwi
Papiro
Alfarrabista
Galheteiro
Romã
Lima
Origami
Sushi
Losango
Fénix
Boémia
Gato
Invólucro
Luneta
Querubim
Cogumelo
Cupido
Magia

........e nunca mais acabam.
Se eu fosse o Veríssimo com certeza que pegava nelas e fazia textos maravilhosos e divertidíssimos, mas como não tenho essa arte posso ao menos partilhá-las com vocês e quem quiser eu deixo usa-las para escrever um texto bonito, as minhas palavrinhas...

Pre(ten)ciosismos

No outro dia estava na conversa e ocorreu-me uma coisa muito interessante.
Quando as nossas mães eram pequenas, e já muito muito antes também, introduzir palavras estrangeiras no discurso era muito chique. Todos sabem como detesto que se faça isso, mas a verdade é que é muito giro ver as alterações que houve desde então. Na altura, a minha bisavó dizia à minha mãe "Oh Isabelinha, vai ali buscar-me o meu porte-monet". Quem leu Os Maias pode ver bem que isso também já era assim na altura: havia o bric a brac, o chic, tudo era dandy, as mobílias eram Luis XV ou algo assim. E nós deliciámo-nos e ler aquilo tudo e a achar um piadão.
Gosto de pensar no sentido das palavras, gosto de palavras acima de tudo, e gosto que se brinque com elas.
Uns anos valentes mais tarde toda a gente decidiu começar a introduzir assim de fininho umas palavras em inglês mas a verdade é que rapidamente ultrapassou aqueles conceitos que realmente não tinham tradução possível como offshore, outsourcing, marketing, leasing, o que quer que cada coisa destas signifique como os Gato Fedorento tão bem retrararm no sketch (olha outra) Lingua Portuguesing.
De repente os putos do liceu quando estão em situações embaraçosas começaram a dizer "awkward", ou "boring", ou mesmo frases inteiras ridículas e sem sentido uma vez que podiam perfeitamente dize-las em português.
Eis se não quando, embora a moda do inglês ainda não tenha desaparecido, reaparecem as palavras francesas. Tudo começou quando o Mário Lino disse que o aeroporto na margem sul "jamais!". De repente e em catapulta apareceram os putos todos vestidos e penteados à Tokio Hotel e que portanto são retrô mas ao mesmo tempo também são avant-garde. E chiques? Uh se são chic!!
Portanto devo concluir que as gerações e o futuro do mundo está perdido, mas a boa notícia é que isso é so a juventude portuguesa! Porque em inglês e em francês usam as suas próprias palavras e são tão orgulhosos que nunca as trocariam pelas de nações mais fracas (?). Em Espanha ninguém fala nem espanhol como deve ser por isso outras línguas também não confere. No resto do mundo o mesmo.
Também que raio de azar sermos uma das poucas línguas que têm praticamente todos os sons que existem em linguística!!
É mesmo uma merding, parece.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Natal é quando um homem quiser

A minha mãe acaba de me comunicar que a Spa pode ficar!! Estou tão feliz, ela é mesmo querida e meiga!..Eu sei que todos pensam que eu sou maluca, 3 gatas, mas ela precisa de um lar e é mesmo meiga e gosta de dormir dentro da minha cama a ronronar, que mais posso querer, bem diz a minha empregada que é a cereja em cima do bolo. E é mais uma fonte de histórias que espero ter para contar.
Molly, Kitty, Spa.
Natal é mesmo quando um homem quiser:)

Quadradinhos azuis

Uma vez tentei fazer uma lista de músicas que me tinham marcado na vida,aquelas mesmo especiais. Cheguei à conclusão que se um dia realmente a conseguisse acabar tudo perderia o sentido. São tantas, tantas com histórias bonitas, outras menos. Também já me ocorreu fazer uma lista daquelas que são proibidas. Há uma quantidade de músicas que não posso ouvir, que me fazem chorar, não sei, acho que se entende. Simples. E no entanto não.
Hoje estou a ouvir a Pale Blue Eyes. Adoro esta música. Acompanhou-me nos meus passeios chorosos e no entanto sorridentes e de reconhecimento quando cheguei a Santiago. Nem a conhecia na altura muito bem, mas pu-la no mp3 para ter músicas novas para associar.
Uma vez falei da memória olfativa. Agora refiro-me a esta. A esta que é de importância tão gigante como essa. A música.
Quando saímos todos juntos as noites melhores são aquelas em que não conseguimos parar de dançar e saltar porque estão a passar as músicas da nossa juventude. Eu adoro isso. Ouvir as músicas pirosas que adoravamos e pensar no que ainda ficou desde essa altura. Ficou muito pouco, só aquilo que na altura já tinhamos o discernimento de gostar: Pearl Jam, Nirvana, Fiona Apple e muito, muito pouco mais.
A verdade é que o nosso baú está cheio de musiquinhas preciosas. Aquelas que quando os nossos amigos vão a nossa casa ver a prateleira dos CDs ainda dizem "iiiiiii ainda tens isto aqui???", e nós acenamos com um sorriso.
Eu cá tenho fases. Tenho as músicas do liceu, as que ouvíamos feitas malucas em Vila Chã enquanto víamos quadradinhos azuis e jogávamos Trivial. Tenho as músicas que ouvia com o Miguel, foi ele que me instruiu, todos devíamos ter irmãos mais velhos. Tenho as músicas que tu me mostraste também, algumas que não consigo ouvir sem chorar: Halleluja pelo Jeff Buckley, Sylvia Plath pelo Ryan Adams, Black...
Depois há as músicas de Erasmus. Que são música brasileira da velhinha e da boa. O Jorge Ben, os Novos Baianos, Chiclete, Timbalada, Alceu Valença....e ainda as que levei por mim e que tinha sempre nos ouvidos, Velvet Underground, Rolling Stones, White Stripes, Pearl Jam, Chico Buarque....
E agora as novas que fui conhecendo entretanto e sem as quais já não vivo. Realmente não suporto viver sem música.
Felizmente vocês também não.

terça-feira, 17 de março de 2009

Se estivessem a vender sonhos qual é que compravas?

Não há nada mais terrível que ver o mundo aos bocados. Para mim o mundo são fragmentos. Fragmentos em que nem sempre apareço, que nem sempre são reais, que me fazem mal. Vejo-me presa como que num quadro de Picasso, sou uma forma geométrica descentrada do que é o equilíbrio.convencional. E como eu odeio o que é convencional...
Gosto do Miró, fui vê-"lo" no ano passado. Comove-me pensar na complexidade das coisas simples. Pelo menos das que para as pessoas parecem simples, geralmente são as mais complexas. Talvez não faça sentido. Não me importa. Conhecem um quadro do Miró chamado "Campesino catalán con guitarra"?, É incrível, tão verdadeiro. Faz-me sorrir. Faz-me sorrir pensar no dia em que o comprei também. Estavas lá tu.

Às vezes gostava de ser outra. Ter outro nome, ter nascido noutro sítio, ser morena e ter olhos verdes talvez. E muito importante, ter sardas. E não crescer. E ser cantora. Mas também há tantas coisas que me deixam feliz. Tantas coisas do passado que são eu. Gosto delas. Talvez pudesse juntar isso tudo? "Cantando eu mando a tristeza embora", cantava a Gal.
Talvez esteja com problemas existenciais. Nunca tive. Talvez não seja isso.
Acho que sinto a tua falta.
Já reparei que falo muito de saudades. Vou-me deixar disso. Quando tiver saudades ponho a tocar o Eddie e pronto.

Não te esqueças do quadro do girassol...

Spa

Sorrisos. Sorrir é no Inverno querer as roupas de Verão e as havaianas e no Verão querer as botas e os cachecóis de pelo. Sorrir é sentir o aroma de um perfume. Sorrir é adormecer abraçado a um peluche. Sorrir é uma música. Sorrir é uma cidade. Sorrir é um olhar. Sorrir é uma música do Vinícius. Sorrir é um poema do Pablo Neruda. Sorrir é um martini bianco. Sorrir é Lisboa. Sorrir é Madrid. Sorrir é Sevilha. Sorrir é Santiago. Sorrir é o Porto. Sorrir é Assis. Sorrir é um gato em cima de um muro. Sorrir é o Mar Morto. Sorrir são os pés na areia quente. Sorrir é o cheiro a mar. Sorrir é um pacote de açucar guardado dentro de um livro. Sorrir é uma flor que secou. Sorrir é um filme antigo. Sorrir é um bilhete num guardanapo. Sorrir sou eu.

Vou ser feliz. Tenho apenas que viver com as minhas memórias e pensamentos. Com alegria. E aos bocadinhos ir enchendo a minha caixinha, que não será de Pandora pois que aberta vai ser sempre bonita.
Ontem a minha mãe trouxe para casa uma gatinha bosque da noruega bebé, meiga, mais peluda que todos os gatos do mundo, mais meiga e doce. Para mim já tem nome e já dorme comigo, não sei se poderei ficar com ela, mas já entrou na minha caixinha.
Gosto.

quinta-feira, 12 de março de 2009

quem sou eu

Gosto de sol, gosto de passeios longos, gosto de andar de cabeça no ar, gosto de cantarolar as músicas que levo nos ouvidos quando vou na rua, gosto de acordar cedo, gosto de acordar tarde, gosto de dormir, gosto de me esticar toda na cama, gosto de cerveja, gosto do meu irmão, gosto das minhas avós, gosto de vestidos novos, gosto de tremoços, gosto de chá, gosto de caipirinhas, gosto de eléctricos, gosto de Pearl Jam, gosto de White Stripes, gosto da luz da Catedral de Santiago ao fim da tarde, gosto de ruas antigas feitas de pedra, gosto de massagens, gosto de concertos baratos, gosto de repas, gosto de sumo de laranja ao pequeno almoço, gosto de coca-cola no Verão, gosto de olhos escuros, gosto do Piolho, gosto de carros antigos e redondos, gosto de sonhar, gosto de café, gosto de chocolate negro, gosto da Ribeira do Porto, gosto de Jorge Ben e Chico Buarque, gosto de ler, gosto das crónicas do Ricardo Araújo Pereira, gosto de escrever, gosto de dançar, gosto da liberdade, gosto de gatos, gosto das minhas gatas, gosto de vinho tinto, gosto de viagens de comboio, gosto de cinema,gosto do Tarantino, gosto do Tim Burton, gosto de banda desenhada, gosto do cheiro de lápis de cor,gosto de leite, gosto do S. João, gosto do cheiro de sardinhas assadas e do som dos martelos de plástico, gosto de viajar, gosto do pôr do sol em Assis e em Sevilha e em Santiago e em Madrid, gosto de Espanha, gosto da Grécia, gosto de passear de mão dada, gosto de rir até chorar, gosto de piadas secas, gosto de chouriço assado, gosto de ovos de páscoa,gosto de pingos, gosto de bossa nova, gosto de sapatos e carteiras, gosto de tapas, gosto da mistura das raças, gosto de alfarrabistas, gosto de estudar línguas, gosto de fotografia, gosto da Scarlet Johanson, gosto do Ewan MacGregor, gosto do concerto do Kusturica e do concerto dos Pearl Jam, gosto do Altar e do Tendinha, gosto do Albaroque, gosto de lençois brancos, gosto de me apaixonar, gosto de sorrisos, gosto de sotaques, gosto de chupa chupas, gosto de esplanadas, gosto da praia e do mar, gosto de óculos de sol gigantes, gosto da Audrey Hepburn, gosto do Snatch, gosto da noite, gosto de tomar banho, gosto de passear em Sevilha até de manhã, gosto das minhas memórias, gosto da minha varanda de Santiago, gosto de cor de rosa, gosto de sushi, gosto de samba, gosto de chorar de alegria, gosto de artesanato e coisas típicas dos lugares, gosto de tradução, gosto de tocar piano, gosto do meu cabelo, gosto de dormir a sesta.......

gosto da vida!...

Não gosto de chuva, não gosto de frio, não gosto de ter sede, não gosto de pesadelos nem de insónias, não gosto de best-sellers, não gosto de esquecer, não gosto de cair tantas vezes, não gosto de ser desastrada, não gosto de fazer asneiras, não gosto da América, não gosto do nosso governo, não gosto de andar de avião, não gosto das minhas cicatrizes, não gosto de roer as unhas, não gosto de whisky, não gosto de favaítos, não gosto de correr, não gosto denão ter conseguido aprender alemão, não gosto de chorar,não gosto de maus cortes de cabelo, não gosto de caras perfeitas, não gosto de aranhas, não gosto que me obriguem a nada, não gosto de ter saudades, não gosto da distância, não gosto de não poder ajudar toda a gente, não gosto de andar de autocarro, não gosto de ficar sem bateria no meu mp3, não gosto de dormir às escuras, não gosto de ser a última da fila, não gosto de ser magoada, não gosto de doenças, não gosto de ter vergonha, não gosto de palhaços, não gosto de ficar na ignorância, não gosto da estupidez, não gosto de pessoas que não se riem,não gosto de computadores, não gosto de pescada, não gosto de ser professora, não gosto da ditadura, não gosto de marisco, não gosto de estereótipos, não gosto do fim das viagens.......

não gosto de ter saudades tuas!...