sábado, 25 de setembro de 2010

Hello Goodbye

Adoro o primeiro dia do ano que temos de nos levantar da cama pouco depois de nos deitarmos para irmos buscar um cobertor. O Outono é uma estação maravihosa, talvez a mais maravilhosa de todas. Pela cor, pela magia, pelo friozinho agradável e pelo sol quente de depois de almoço a dar nas costas.
O Outono faz-me sempre prometer que este ano vou ser feliz. Mas no início do Outono tenho quase sempre um ataque de choro incompreensível, incontrolável, incontornável. Não há nenhuma estação de que custe tanto despedir-me como do Verão. Talvez por isso, quando o Outono começa a despir as árvores e as casas, eu também tenha de o fazer.

E então tudo passa, tudo se cura, lava-se tudo e é-se feliz. E corremos todos os dias para o metro, saltamos passadeiras e pequenas poças de água, ocasionalmente apanhamos uma chuva inesperada. E levamos música nos ouvidos. E lemos livros no metro. E trabalhamos e estudamos. E à noite deitamo-nos no sofá, quentinhos, enrolados em mantas, copos de vinho e conversas telefónicas intermináveis. E não choramos mais porque está tudo bem e tudo se renova.

Todos os anos é assim. Invariavelmente.

domingo, 12 de setembro de 2010

Eu continuava a querer ser uma escritora qualquer...

Sinto que perdi o dom, o dom de escrever, se alguma vez existiu parece ter-se ido. Não sei o motivo. Talvez porque quando não tinha nada, tinha isso, e agora estou a recuperar-me aos bocadinhos. Não acho que uma pessoa tenha de estar infeliz para escrever porque isso não faz qualquer sentido. Acho é que às vezes ter muita coisa na cabeça ajuda. Eu tenho sempre muita, é certo, mas gosto mais de guardar para mim...
Eu queria ser escritora, lembram-se? É ainda o meu sonho, mas ainda agora tenho um certo pudor em partilhar certas palavras com vocês, não assim tantos leitores mas sempre tão amigos.
Como posso atingir qualquer tipo de perfeição se essa mesma perfeição já foi atingida tantas vezes por outros e eu a aprecio tanto?
Eu sei que as histórias já foram todas inventadas, simplesmente há sempre quem as escreva provando aquilo que sempre soubemos: a história é o que menos importa num livro. Na verdade, não importa de todo. Tudo o resto é que faz de alguém bom escritor, bom artista. Já são raras aquelas letras de música que sem a melodia eram uma obra de arte por si só. O Vinicius era assim, ainda hoje o leio como o poeta que é, tantas vezes, antes de dormir, antes de sair de casa, só para pensar nisso durante o dia.
Assim resigno-me ao facto de que hei de ser sempre uma escritora medíocre mas que vai esforçar-se sempre por fazer melhor e vai sempre apreciar o que se fizer de melhor...

Talvez devesse começar já por apagar este texto...