sábado, 13 de novembro de 2010

Outrora

"Às vezes ela ia até à janela, voltava para dentro, mudava de roupa e saía. Às vezes nem tinha destino. Só tinha esperança de o ver, ou que ele a visse a ela. Ela imaginava que se talvez ele aparecesse uma vez que fosse no meio das pessoas que passavam por ela sem a ver ela pudesse sentir tudo outra vez. E era tão dificil ver todos os dias as mesmas caras a sorrirem por detrás dos jornais cinzentos e dos quentes copos de vinho sem nunca (re)ver aquele sorriso. E porque não? Ela não era já a mesma pessoa, nunca mais voltaria a ser. E tudo porque agora nos dias de chuva ficar em casa já não fazia sentido. Só a música fazia sentido agora.
Ela voltava para casa debaixo da chuva negra e fria que fazia aquelas árvores tão bonitas e aquele caminho tão familiar. E continuaria a fazer o mesmo trajecto todos os dias, às horas que lhe apetecesse. Estar em casa era tão insuportável como estar na rua.
E de novo a janela. E os velhos amigos que arrancavam notas e palavras ao pensamento em voz tão elevada que não se pudesse ouvi-la chorar. Revia mentalmente todos os passos e palavras tão eternas quanto possível, tão efémeras quanto os dias gelados de Fevereiro. Tão eternas quanto efémeras. "If you go your way, I´ll go your way too".
E a música,e os passeios e a vida. E aquela janela que já fora branca em tempos mas que agora era cinzenta.
Um cinzento desmaiado. "

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"18 seconds before sunrise"

Da minha cidade, dizem que é cinzenta. Eu acho-a colorida. Com vários tons de castanho, vermelho, bege, branco, negro e amarelo.
É uma cidade que, como todas as cidades com mistérios e infortúnios, tem de ser lavada todos os dias pela chuva gelada batida a vento e que se enfurece algumas vezes.
Mas a gente habitua-se, embora não sem se queixar, e enche-se de roupa pesada e quente e guarda-chuvas que se vão deixando ficar pelas esquinas esventrados e esquecidos.
Então o metro arrasta-se vagaroso por entre as folhas encharcadas que vão caindo para os trilhos. E a gente nunca deixa de correr porque os infortúnios não são só da cidade, são das pessoas. E as pessoas aqui nunca têm tempo.
E mesmo assim ela continua linda. E às vezes nem se percebe bem como é que é possível. Talvez porque a falta de tempo não permite olhares mais demorados sobre ela.
É a minha cidade e às vezes atrevo-me a pensar que é só minha. E que ela se mostra só para mim. E às vezes pisca-me o olho:)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo...

O Kalu é que a sabia toda. A vida é uma puta. Mas é uma puta moderada. É mais no sentido em que é difícil. É. Mas e então? Ora porra, o caminho é para a frente.
Mas se "somos escravos do que precisamos" então porque é que não fazemos tudo o que podemos para ser felizes? Dizer que a felicidade é um mito é um mito por si só e talvez seja pela quantidade de muco que tenho acumulado no cérebro neste momento mas parece-me claro. "Quem perdeu há de ter mais cartas para dar". Afinal não era o Kalu que tinha razão. Era o Palma. Esse grande poeta. E pelos vistos o álcool fá-lo ver a realidade mais transparente. Eu também a vejo...
Eu tenho a liberdade para mudar a minha vida toda, para virar tudo do avesso, tenho. E ninguém ma tira.

"E eu sei que essencialmente isso se deve a esse passo inseguro e ao paraíso no teu olhar!"...
:)

sábado, 25 de setembro de 2010

Hello Goodbye

Adoro o primeiro dia do ano que temos de nos levantar da cama pouco depois de nos deitarmos para irmos buscar um cobertor. O Outono é uma estação maravihosa, talvez a mais maravilhosa de todas. Pela cor, pela magia, pelo friozinho agradável e pelo sol quente de depois de almoço a dar nas costas.
O Outono faz-me sempre prometer que este ano vou ser feliz. Mas no início do Outono tenho quase sempre um ataque de choro incompreensível, incontrolável, incontornável. Não há nenhuma estação de que custe tanto despedir-me como do Verão. Talvez por isso, quando o Outono começa a despir as árvores e as casas, eu também tenha de o fazer.

E então tudo passa, tudo se cura, lava-se tudo e é-se feliz. E corremos todos os dias para o metro, saltamos passadeiras e pequenas poças de água, ocasionalmente apanhamos uma chuva inesperada. E levamos música nos ouvidos. E lemos livros no metro. E trabalhamos e estudamos. E à noite deitamo-nos no sofá, quentinhos, enrolados em mantas, copos de vinho e conversas telefónicas intermináveis. E não choramos mais porque está tudo bem e tudo se renova.

Todos os anos é assim. Invariavelmente.

domingo, 12 de setembro de 2010

Eu continuava a querer ser uma escritora qualquer...

Sinto que perdi o dom, o dom de escrever, se alguma vez existiu parece ter-se ido. Não sei o motivo. Talvez porque quando não tinha nada, tinha isso, e agora estou a recuperar-me aos bocadinhos. Não acho que uma pessoa tenha de estar infeliz para escrever porque isso não faz qualquer sentido. Acho é que às vezes ter muita coisa na cabeça ajuda. Eu tenho sempre muita, é certo, mas gosto mais de guardar para mim...
Eu queria ser escritora, lembram-se? É ainda o meu sonho, mas ainda agora tenho um certo pudor em partilhar certas palavras com vocês, não assim tantos leitores mas sempre tão amigos.
Como posso atingir qualquer tipo de perfeição se essa mesma perfeição já foi atingida tantas vezes por outros e eu a aprecio tanto?
Eu sei que as histórias já foram todas inventadas, simplesmente há sempre quem as escreva provando aquilo que sempre soubemos: a história é o que menos importa num livro. Na verdade, não importa de todo. Tudo o resto é que faz de alguém bom escritor, bom artista. Já são raras aquelas letras de música que sem a melodia eram uma obra de arte por si só. O Vinicius era assim, ainda hoje o leio como o poeta que é, tantas vezes, antes de dormir, antes de sair de casa, só para pensar nisso durante o dia.
Assim resigno-me ao facto de que hei de ser sempre uma escritora medíocre mas que vai esforçar-se sempre por fazer melhor e vai sempre apreciar o que se fizer de melhor...

Talvez devesse começar já por apagar este texto...

terça-feira, 27 de julho de 2010

Guia de férias para indecisos e complicados

A primeira coisa de que temos de nos convencer (caso isso não seja espontâneo) é que somos os maiores. Ou seja, adoramos a nossa própria companhia e não precisamos de ninguém. É sempre melhor ler um livro ou vaguear nos pensamentos, ouvir músicas e pensar nas letras, do que estar com alguém num café a olhar para ontem sem nada para dizer. Recomendo filmes que não se vejam há muito tempo, ou aqueles do nosso top de novo ou, simplesmente, filmes novos. Recomendo também livros, especialmente para os que se queixam de falta de tempo para a leitura em tempo de trabalho (ainda que eu ache que tempo para ler há sempre). Leiam livros grandes e bons, daqueles que querem ser devorados e que ao mesmo tempo nos fazem ler uma página por dia só para não acabarem...porque há-os, e não são poucos.
Façam cursos de Verão, mais que não seja o mais provável é conhecer gente maravilhosa, lugares perfeitos.
Acordem cedo e vão à praia.
O Verão já não é como antes, já não há 3 ou 4 meses de férias. Se houver 3 semanas já é um pau (pardon my french).
Ouçam as músicas que vos enchem a alma. Ficar na cama deitado a ouvir música é produtivo. É mesmo.
Voltem ao piano, à guitarra, à gaita de beiços. Mesmo que já não toquem há anos. Sabe bem fechar os olhos e reparar que as mãos fazem tudo sozinhas.
A vida é uma delícia, aproveitem-na bem!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Onde anda você....

Vinicius de Moraes deu-nos uma Receita de Mulher, ensinou-nos o que é preciso Para Viver um Grande Amor. Desde pequeninos que vivemos naquela casa tão engraçada que não tinha tecto, nem tinha nada.
Ele ensinou-nos que a amar há que amar em grande, que todos os amores devem ser grandes, devem consumir-nos. Juntamente com o Chico Buarque cantou-nos aquela Valsinha tão eterna quanto a própria vida, pelo menos naquele momento em que ele "convidou-a para rodar"...também eu, pelo menos, gostava de estar naquela praça, ver o tempo parar.
Cantou-nos sambas e sonetos e valsas, coisa difícil de fazer...Cantou aos orixas, a Iemanjá. Melhor que qualquer professor, ele ensinou tudo.
O branco mais negro do Brasil.
Ensinou-nos que o amor deve ser infinito enquanto dure. Haverá lição mais sábia?
E que depois de um soneto de FIdelidade, muitas vezes, vem um soneto de Separação...e que por vezes temos Medo de Amar. Mas que isso não faz ninguém seguir...
Mas nada disso importa. O que importa é a Felicidade.
Até o seu nome é música.
O branco mais negro do Brasil era também o maior dos homens, o Poeta dos poetas.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Just a few more hours....

São 4 da manha. So queria conseguir dormir. Pelo menos uma vez.
Alguem quer ir dar um passeio por ai e fumar um cigarro? Talvez ir a uma padaria que esteja a abrir comprar pão para o pequeno almoço, tomar um cafe? Nem sei o que mais me atormenta. Nem sei se seria melhor se soubesse.

Há para ai um ou dois mosquitos. As minhas gatas têm tanto calor que nem para os apanharem. E se fosse para ir beber uma coca cola com limão fresquinha? Já alguem saía da cama?
Já fui pintar as unhas. Deitei-me. Pus novas musicas no meu mp3. E agora vim para aqui.
E ainda são as 4h mais 10 minutos. Nem um bocejo sequer. Era nestas alturas que o Euclides ia para o meu quarto contar-me histórias. Era la pelas 6h que ia embora e eu adormecia.
Só consigo pensar nesta musica, não sei porquê:

Beth i hear you calling,
But I can´t come home right now
Me and the boys are playing
And we just can´t find the sound…
Just a few more hours and I´ll be right home to you
I think I hear them calling,
Oh Beth what can I do?
Beth what can I do?
You say you feel so empty,
That our house just ain´t a home
I´m always somewhere else
And you´re always there alone,
Just a few more hours and I´ll be right home to you
I think I hear them calling,
Oh Beth what can I do?
Beth what can I do?
Beth I know you´re lonely
And I hope you´ll be alright
Cause me and the boys will be playing, all night..

All night...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Será que também dói a cabeça aos gatos?

Não me importava nada de ser gato. Vaguear por aí, caçar passarinhos, voltar para casa e ter uma janela ao sol e um prato de leite, uma taça com água fresquinha. Gostava que me deixassem dormir na cama dos meus donos sem ser enxotada. E gostava muito que me coçassem a barriga e as orelhas. Não queria crianças na família para não me puxarem a cauda nem me fazerem maldades, mas se fosse uma criatura simpática que dormisse comigo não me importava. Gostava de ser gato de casa mas que tivesse um jardim onde pudesse ir passear de vez em quando, saltar a uns muros e cheirar a Natureza. Volta e meia gostava de perseguir a minha própria cauda e de me divertir com basicamente qualquer coisa que se mexesse. Miava para receber festas e colo. Levava presentes aos meus donos. As minhas tristezas limitavam-se a não poder sair sempre que quisesse e aos meus donos não abrirem a persina de manhã cedo para eu apanhar solinho matinal. As minhas alegrias seriam infinitas (excepto em dia de veterinário) e era feliz. Provavelmente não me doía a cabeça todos os dias.
Sim, não me importava nada de ser gato. A aparência não importava já que os gatos sofrem da sina de serem todos bonitos. Mais pêlo menos pêlo....

domingo, 4 de julho de 2010

Tripeiro de copo e alma

São 6h da manhã. O Porto, cidade de todas as cores, está agora pintado de azul escuro. Um azul que se mistura com o amarelo das luzes das pontes e com o vermelho dos semáforos. É incrível como os corpos que se arrastam para casa observam intrigados (ou algo fascinados) a chegada dos pescadores à beira da ponte. Esses homens que se levantaram às 4h da manhã e que às 4h30 já estão a montar tudo para começarem a trabalhar. É incrível como eu, depois de uma noite de momentos tão raros, me sinto tão preenchida por toda esta beleza. Já nem o sono me pode parar.
Vi um grupo tocar música popular e, como sempre, apetece-me juntar-me aos velhinhos e dançar. Aliás, dançar é só mesmo o que me apetece fazer.
E por fim chego a casa, corpo cansado e a mente...bem a mente nem se fala.
Tudo do que me lembro é das luzinhas do bar, do extremo calor que se faz sentir nas ruas e do azul do céu. Tão misterioso quanto a própria cidade. Que não é branca, nem é negra. É de todas as cores. São várias cidades. Tudo numa só. É a mais bonita do mundo inteiro e enche-nos as medidas.
No Porto quando se sai por aí, nunca se está sozinho.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

também foi assim

Quando eramos pequenos tinhamos uma senhora cá em casa que era como uma avó para nós. Cozinhava, contava histórias, era muito amiga. Era a Senhora Maria. A Senhora Maria pôs o meu pai a beber chá de hipericão todos os dias em jejum durante 10 anos. Ninguém dá ordens ao meu pai, mas a Senhora Maria impunha respeito! E tanto ele bebeu o dito chá que nunca mais teve problemas de fígado.
A Senhora Maria dizia "migalheiro" e "badalhoca". Eu costumava corrigi-la e repreendê-la mas ela achava gracinha e não se zangava. Afinal, eu dizia "bilaca" e chamava "Blhá" ao Miguel...
A Senhora Maria tinha tido um marido que lhe chegava a roupa ao pêlo todos os dias sem motivo aparente. Ela costumava dizer à minha mãe:

"Ai Sra. Doutora, Deus tem sido muito bom para mim! Eu costumava pedir-lhe "Dá-me pelo menos um ano de viuvez, pelo menos um", e olhe, já vou em 18!!! Abençoado!!".

Lembro-me bem da nossa primeira casa. Eu dormia na dispensa mas era o quarto mais adorável do mundo, todo feito à medida e branquinho. O Miguel tinha o quarto do fundo do corredor.
Davam-nos sempre tudo igual, o que um tinha o outro também tinha. Só que ele era poupado e eu não. Uma vez deram-nos um chocolate a cada um. Eu comi o meu numa hora, o dele durou 6 meses. Esconderam o dele no cimo de uma estante e eu subi, qual macaco, para o comer eu mesma. Descoberta e retirada do alto da estante, parti a cabeça do nosso cavalo de pau de um só golpe...
Isto aliado ao facto de a minha primeira palavra ter sido "bolacha" é preocupante...mas pronto, foi mesmo assim, e eu era feliz!

"Stuff and Nonsense"

Fui ao centro de saúde no outro dia. Médica nova porque fiz uma reclamação sobre uma outra que me tinha gritado e insultado. O SNS é uma paródia porque ando há cerca de 4 ou 5 anos à espera que me arranjem médico de família e me dizem que não há médicos. Então depois dessa "senhora" me ter feito o que fez e eu ter reclamado dela, por milagre, o chefe do centro de saúde decidiu que havia médico para mim e para todos os membros da minha família que o quisessem.
Fui à medica nova que, de forma muito profissional, começou a fazer-me perguntas sobre mim, medicamentos, operações, doenças, etc. Nesse processo não me olhou uma só vez. Passado um bocado perguntou:
"Já esteve grávida alguma vez?"
Digo eu "Não"
Ela: "E quando é que pretende estar?"
De novo, eu "Nunca, Sra Dra".
Aqui ela levantou a cabeça, olhou para mim com ar incrédulo e disse:
"Mas...nunca? Mas isso não é normal! Uma menina que não quer ter filhos?"
Eu "Sim"
Ela "Mas então ponho aqui na sua ficha? "Não quer ter filhos"??"
Eu "Não sei até que ponto isso é muito relevante, mas sim, pode pôr o que lhe aprouver!!!"
Ela "Bem...vou pôr assim: Aparentemente não quer ter filhos..."
Eu pergunto-me, já não vivemos no século XIX, se uma mulher quer ser independente e ter dinheiro para ter uma boa vida ninguém tem nada a ver com isso, não?
Às vezes temos mesmo de nos rir, né?=)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

i´m an ordinary woman, after all

Gosto de suhi. Uso o relógio no pulso direito e sou viciada em café. Gosto mais de gatos que de cães. Adoro patos. Nos lagos, não na mesa. Sou alérgica à natureza em geral. Escolhi o curso certo por todas as razões erradas. Ou talvez tenha escolhido o curso errado por todas as razões certas. Esta ainda não sei. Não gosto de bróculos, mas adoro grelos, e alface. Chamo-me Inês mas o meu nome favorito é Teresa. Se fosse homem queria chamar-me João Pedro. Tenho 3 gatas mas só tenho jeito para escolher nomes de gatos.
Adoro praia, mas tenho vergonha de ir.
Há dias, muitos dias, em que à noite só quero ir para a cama porque sei que vou sonhar. Muitas vezes são pesadelos, mas muitas outras são coisas boas. Não gosto que me dêem ordens nem de dar o braço a torcer. Mas sei pedir desculpa.
Acredito que seria essencial que toda a gente fosse criativa, sensível, amiga e sincera. Acho triste quando não se tem jeito para nada e se procura desesperadamente algo novo em que ainda não saibamos se somos um fracasso ou não. Luto contra isso praticamente todos os dias. Há dias em que acho que não está tudo perdido. E esses são os únicos que importam, na verdade.
Morro de desgosto de não saber cantar porque é o que mais gosto de fazer. Não gosto de quem tem medo da novidade. Admiro as pessoas mais velhas. Interessa-me muito saber como era a vida antigamente. Como os casais velhinhos se conheceram e se apaixonaram. Adoro fotografia. E música. E livros.
Em casa gosto de andar descalça. Às vezes tenho gostos estranhos mas não me importo. Já toquei no Eddie Vedder. Já fiz festinhas a um corcodilo bebé. Já estive no meio de um tiroteio. Tenho os melhores amigos do mundo.
Não quero ter filhos nem casar. E não gosto que me tentem dizer que quando for mais velha vou mudar de ideias. Não vou.
Sou de esquerda. Sempre.
Adoro cinema antigo e banda desenhada. Quero viver sempre no centro da cidade. Só não quero que seja nesta.
Gosto de regueifa e de pastéis de nata. Detesto marisco.
O meu sonho é conhecer a América do Sul.
Gosto de vespas, mas só de olhar. Morro de medo de andar de avião. Já andei centenas de vezes e a tendência é piorar.
Adoro festas. Não tenho carta de condução. Mas tenho duas perninhas:)
Gosto de música brasileira. E de vinho tinto.
Gosto de homens com covinha no queixo. Os que não têm, para mim, não têm graça nenhuma.
Até há poucos anos ainda tinha dois dentes de leite. Agora tenho implantes.
Às vezes tenho tiques nervosos. Tenho a tiróide a funcionar mal e às vezes tenho muita vontade de chorar. Mas não sou eu. É ela.
Já fui sozinha a um concerto. De certeza que irei a mais.
Gostei da experiência.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Se avexe não, passa para o Coentrão!!!!

Então após o magnífico jogo Portugal-Brasil e esse empate amigável faço questão de partilhar uma parte dos jogos a que ninguém liga muito: o relato!

Diz o comentador:
-Filipe Melo tem um feitio dos diabos!!!, Pedro Baptista, esse gosta mais de samba!
A minha mãe:
-Corre, corre, corre, dá ao Coentrão!!!
Comentador:
-Maicón é um jogador tremendo!!
Outro comentador:
-Aí vem Josué, um 1,70 de gente!
Comentador:
-Vai Danny!!....Não vai não!
Comentador:
-Olha lá, sabes porque é que Maicón se chama assim?
Segundo comentador:
-Não, conta lá!
Comentador:
-O pai dele gostava muito de cinema e queria chamar-lhe Michael Douglas, mas no registo só o que deu foi para Maicón, aí ficou Maicón Douglas!
A minha mãe:
-Olha vai entrar o Simão, tá fresquinho!
Comentador:
-Ai que a bola vinha redondinha!!!!
Outro comentador:
-Isto tá para o empate!
Comentador:
-O Brasil com pouco progresso e pouca ordem!
A minha mãe:
-Ai nem quero olhar! Vou fazer tricot!
(gesticula as agulhas com os nervos)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Um eléctrico chamado desejo

Resolução geral: Nunca mais deixar acabar a bateria do meu mp3.
Música do dia: Kiss, Prince. Dá-me umas ganas de abanar o capacete até cair para o lado que vem mesmo lá do fundo. Mesmo.
Pensamento do dia: Mas porquê???
Plano: Fazer tudo super bem e tão depressa que não me dê tempo para pensar!
Plano ligeiramente mais realista: Pensar bem antes de começar qualquer coisa...
Infelicidade da semana: Pelos vistos não aguento a bebida. Não cá dentro, sequer, simplesmente não consigo beber nada com álcool e isso é pior que qualquer coisa.
Felicidadade de semana: A Feira do Livro está aí e o S. João a chegar.
Filme do dia: Lost in Translation
Sentimento do dia: Lost in Translation:p
Melhor parte do dia: pelas 15h e suponho que de novo pela 00h00
Música do dia (agora a sério): Só mais um adeus (Vinicius e Toquinho)

Frase do dia: Vai mas é trabalhar...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Oh Lord won´t you buy me a colour tv?

Tenho andado num enorme conflito interior. Tão grande que nem me atrevo a dizê-lo em voz alta. Alguém pode ouvir e dizer-me o que quero ouvir e não me parece que isso fosse uma opção pacífica.
Sempre me considerei feliz, há sempre algo que me deixa esfusiante. Pequeníssimas coisas como tomar um pequeno almoço maravilhoso, ouvir uma música parola e saber a letra toda, chegar a casa e enrolar-me em gatinhas. Cair na cama e esperar ter sonhos infinitos.
Mas não hoje. Não agora. Não sou feliz. E não sei porque insisto em fazer coisas que me deixam assim. Porque deixo que me cortem as pernas. Não sei o quero. Sò sei que não é isto.
E penso, será que a minha avó aguenta o desgosto de saber que tantos anos mais tarde vou desistir de tudo? Que prefiro não ter trabalho fixo a fazer isto? Que vou desperdiçar tudo o que me deram? Mas não posso viver para sempre assim.
E eu sei que é triste dizer isto, mas a vocação é zero, o prazer ainda menos, tudo não passa de frustração, falta de paixão, falta de interesse, falta de gosto.
Nunca pensei só querer dormir, dormir até eventualmente acordar uns meses antes e refazer a minha vida e não ter de passar por isto.
Nunca pensei. E acho melhor nem pensar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

At least I can hold my licor...

"Se eu pudesse, por um dia, esse amor essa alegria, eu te juro, te daria, se pudesse esse amor todo o dia".

Seria de esperar que eu crescesse. Seria de esperar que a adultícia me fizesse mais fria, mais ponderada. Seria de esperar que aos 26 anos já soubesse abrir um pacote de ketchup sozinha sem o espalhar todo em cima de mim. E eu nem gosto de ketchup. Seria de esperar que eu crescesse. Que criasse certas capacidades. Seria de esperar que não me cortasse sempre que tento fazer alguma coisa na cozinha. Seria de esperar que aguentasse as saudades. Que não sofresse assim. Que não quisesse voltar.
Seria de esperar que já gostasse de polvo e que deixasse de gostar de ovo estrelado misturado com o arroz. Seria de esperar que crescesse e que não fosse só para os lados. Seria de esperar que deixasse de roer as unhas. Que acordasse cedo sem sofrer. Seria de esperar que já tivesse emprego e uma casa.

Mas a verdade é que gosto e que geralmente, aquilo que seria de esperar é aquilo a que temos de fugir mais depressa. Hei-de ser desastrada para sempre, a tendência aliás é piorar, e preferia não ser, mas não há nada a fazer...Hei de me mascarar no carnaval e de me colar a todas as portas que puder contigo...E hei de ter sempre saudades e ainda bem.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quotidiano nº 1

Moro no centro da cidade. Onde aliás acho que toda a gente devia morar ou, pelo menos, querer morar. Há um autocarro que cobre toda a baixa do Porto e que é aquele em que eu me movimento. Nesse autocarro, que era o 20, há uma quantidade de pessoas estranhas que poderia facilmente dividir por sub-grupos.
Há uma velhota a quem eu gosto de chamar pomo da discórdia. Isto porquê? A velhota não tem, claramente, o que fazer, e por isso anda no 20 mais ou menos todo o dia. Para se entreter faz o mesmo que o Adivinho do Astérix, diz umas coisas baixinho a uns e outras coisas não tão baixinho assim a outros e depois encosta-se a ver satifeita. Depois de umas cenas de pancadaria e baixarias que não repito porque, afinal, sou uma senhora, os intervenientes saem nas suas paragens. Mas logo alguém entra de novo e é informado do que aquele senhor disse sobre a sua mãe e começa tudo de novo.
Há uma outra que entra sempre na minha paragem e que é muito malcriada. No outro dia viu um rapaz que vive por estes lados e que é brasileiro, com uma carteira de mulher e jeito enfeminado. Durante as dezassete paragens seguintes foi com esta conversa, para quem quisesse ouvir:

"Estes gajos agora não percebo, é tringalha com tringalha, rachadela com rachadela, são uns badalhocos!!! Isso que prazer pode dar a alguém?! Tringalha com tringalha, rachadela com rachadela!!! Que badalhocos!!"

Depois há os pervertidos de 80 anos que ficam com calor sempre que uma mulher com menos de 40 entra no autocarro...
Já dizia o grande Zeca que o que faz falta é animar a malta:)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Kiss Kiss Bang Bang



Adoro ver pessoas a beijarem-se porque todos beijam de forma diferente e há tantos tipos de beijos. Beijos molhados, bejos repenicados, beijos na testa, beijos nas bochechas, beijos na mão, beijos na boca. Beijos de mãe e de pai, beijos de tias distantes acompanhados por alguns puxões de bochechas, beijos de irmão, beijos de amigos,beijos de gatos, beijos de amante. Beijos de despedida, beijos de boas vindas, beijos de comemoração, beijos de saudade, beijos de amor, experiências, .beijos de porque sim. É pelo beijo que nos conhecemos, seja de que maneira for.
Beijos porque beijar é bom e quantos mais tivermos na vida melhor.
Acho bonito os beijos urgentes dos adolescentes apaixonados e é lindo ver como, com a idade, os mesmos apressados são muitas vezes os que cultivam o beijar lento, quente, com que conquistam outros ex-adolescentes urgentes.
Eu já fui um desses.
:)

domingo, 2 de maio de 2010

Homem com H e Fascinação

Fascinação. Pura. A da Elis Regina mas o outro tipo também. Fui ver o Ney Matogrosso, e para os que pensem que fui sozinha só porque não levei companhia que se desenganem, o Ney estava lá em grande, namoradeiro, dono de uma voz intocável, teatral como sempre e maravilhoso.
Cantou tango, se tal é possível, e dançou. Já não é novo e não se veste de mulher, o que é uma pena. Ainda assim é ainda um bonito homem, provocador e simpático.
Saí de sorriso colado e ainda estou!
Entre as pessoas que admiro, que nem são tantas assim, está a minha avó. Mulher bonita, corajosa, forte, um pouco egoísta, ao que parece, fruto da educação que teve. Mas não comigo, nunca comigo. A minha avó mora num palácio. Aos olhos dos outros talvez não exactamente, talvez apenas viva num casarão grande e bonito, para mim é um palácio. Não só pelo tamanho ou pelos inúmeros tesouros perdidos que lá se encontram mas porque ela é uma princesa. Dona de uma elegância extravagante e de extremo bom gosto, loira de olhos verdes e curvas perfeitas. Quando era nova parava o trânsito e o sinaleiro fazia-lhe vénias. Suponho que nunca tinha visto tal beleza. Não o censuro.
Quando se ri faz covinhas nas bochechas e inveja a qualquer uma. Mas ela não é só beleza pura, é uma mulher de armas que sofreu tanto e sempre se recuperou com dignidade e força.
Na velhice é mais meiguinha, não o era tanto assim, excepto talvez comigo, não sei bem porquê. Há uns anos apareceu-lhe lá um gatinho abandonado e medroso a pedir mimo. Ela acolheu-o na cozinha e deu-lhe de comer. Uma vez ele apareceu-lhe lá a morrer a meio da noite e ela, com 81 anos, correu para o médico com ele ao colo para o salvar. Nem era o gato dela. Mas salvou-lhe a vida.
Hoje vivem os dois entre mimos e ronrons e miados eternos, ele sempre no colo dela e ela enternecida de todo.
A minha avó é uma Elizabeth Taylor, uma Katherine Hepburn. É a melhor do mundo.

terça-feira, 27 de abril de 2010

A Primavera é linda, principalmente vista da janela

Passeio-me pelo Mundo como se ele fosse perfeito, ignorando todas as falhas. Morrendo de vez em quando para logo renascer. Acreditando nas pessoas sempre à partida. Continuo a comprar pipocas com corante e algodão doce de vez em quando. A Fnac continua a ser um dos meus sítios preferidos para estar embora saiba que raridades lá só aparecem muito de vez em quando.
Passeio-me pelo Mundo como uma criança. Alegre, despreocupada, saltitante. E busco o que de melhor ele tem. Sonho com a época balnear e quando ela chega tenho vergonha de sair de biquini ou fato de banho. Detesto o meu corpo mas acredito que o sorriso conquista tudo. O meu e o dos outros. Para mim o sorriso é que é o espelho da alma, ou seria, se tal existisse. Se é verdade isso já não sei. Adoro e cultivo as palavras "bestial" e "tabefe" porque acho que são bestiais.
E porque vos escrevo todos estes disparates hoje? Porque a Primavera chegou de vez. Está um dia fantástico, para os comuns mortais hão-de estar uns 29 graus, para mim, doente da tiróide, uns 50.
E os pólens. Os pólens andem aí. E ninguém ganha para tantos lenços...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

My feet is my only carriage

Há assim umas músicas que nos fazem pensar que tendo que escolher entre ser cegos ou surdos não pensariamos duas vezes antes de deixar de ver. Mas logo se impõem valores mais altos. Como viver sem a fotografia, sem o Miró, sem a arte visual toda já que muita o é. Que dilema. Não sei que tipo de falha tenho, alguma tenho. Penso muito neste tipo de coisas. E quanto estou nervosa digo as palaras ao contrário várias vezes. Fosse eu a um concurso de soletrar americano e com certeza que ganharia o primeiro prémio. Céus. Às vezes canso-me a mim mesma.
Eis os meus pensamentos mais delirantes:
Umhomem que não tenha covinha no queixo, por muito bonito que seja, nunca é tanto como um que tenha!
Penso que quando passeio de música nos ouvidos os outros também devem ouvi-la...Penso que quem tem um gato tem dois e que quem tem dois tem três e assim sucessivamente. Penso que posso fazer tudo o que quiser. Penso que se gostar de mim não há como ninguém não gostar. Esqueço-me dos que já não gostam porque uma grande parte do tempo eu também não. Insisto em ler 3 ou 4 livros ao mesmo tempo porque não sei esperar e não me controlo na hora de comprar mais.
E depois há as músicas que sempre conhecemos e que nos crescem cá dentro 26 anos depois como se fosse a primeira vez.
Coitado do Beethoven.

terça-feira, 23 de março de 2010

Diário póstumo da cidade de Santiago de Compostela

"Lá fora chove. Mais, parece que se abriram as portas do céu. Sinto-me só e desacompanhada senão pela minha própria presença e por este cigarro nesta varanda branca. Não sei bem o que sinto porque apesar das minhas lágrimas se confundirem com esta chuva que mas lava gosto de acordar às 15h com o Chico Buarque e fazer passeios com o Lou Reed nos ouvidos. No Porto a chuva incomoda-me. Aqui não. E não é mágica esta cidade? Fui beber uma Estrella Galicia porque não tinha dinheiro para comer mas apercebi-me com agrado que me ofereceram um pão com chouriço. Como não me sentir amparada nesta cidade se toda ela é vida? Porque choro como uma menina se sou uma mulher independente? Há dias vi um rapaz na Universidade, ele olhou-me muito, parecia tão perdido e só como eu mas tão completamente fascinado como eu por esta beleza toda. Há dias conheci-o, é brasileiro e sinto que vai tornar-se no meu melhor amigo. Ele entende-me e quando a noite e a tristeza não me deixam dormir ele acompanha-me, conta-me histórias de casa, de uma menina. Ele fala bem, dá-me o calor que me falta. Nunca conheci ninguém assim, tão desinteressado de tudo o que não importa, tão genuíno. Tem nome de estrela. Por isso talvez seja que me guia.
Continua a chover, pergunto-me quando será que o Chico Buarque deixará de cantar a Roda Viva na minha cabeça e fará destes dias uma roda viva de horas e alegrias e não de turbilhão interno. Conheci mais uma menina, moreninha, linda de morrer. É ela que me acorda todos os dias de manhã cedo para usar a minha casa de banho e me perguntar se estou melhor. Comecei a almoçar em casa dela e a ver os Simpsons e o Friends em espanhol. Os dias cinzentos começam a parecer-me melhores. Recebi um e-mail que deu cabo de mim. Tiveram de me tirar da sala de computadores porque já não conseguia respirar. Nunca pensei que se pudesse sofrer desta maneira. Só me apetece ir para a chuva lá fora e deixar-me absorver.
(...)
Passaram os meses. Os meus dias mudaram, esta chuva já me parece sol, parece abençoada e eu tão feliz que não quero pensar nunca que pode acabar em breve. Sou feliz e sei que vou sê-lo para sempre.
(...)"

quinta-feira, 18 de março de 2010

Mas está tudo maluco?

Há uma rua ao pé da minha faculdade, uma rua estreitinha ou não cabem duas pessoas ao mesmo tempo onde, todos dias, seja a que hora for que eu por lá passe, passa sempre por mim um senhor a ler a Bíblia. Mas notem, não é sempre o mesmo senhor e isto é completamente verdade!
São homens adultos que aparentemente vão trabalhar ou vão para as aulas, e vão a ler a Bíblia, a Bíblia edição livro de bolso,mas a Bíblia.
Ontem no autocarro ia uma senhora na minha diagonal a cantar "Arre burrito, arre burrrrito" e a bater-me na perna. Começo a ficar apreensiva porque isto começa a afigurar-se habitual e familiar já que a minha avó há uns anos tinha um homem a bater-lhe à porta todos os dias alegando, em voz excepcionalmente alta, ser filho dela e do Júlio Isidro e que a malvada não o deixava entrar.
No outro dia fui a uma loja de artigos para pessoas doentes e acamadas ver umas cadeiras para a minha avó e a vendedora, solícita, mostrou-me tudo o que tinha até que eu lhe disse:
- "E aquela? É de veludo, não é?"
e ela respondeu:
- "Não é vem beludo".
....

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Quando a vida se ri de nós

Esta semana, por razões que a própria razão desconhece, tive de repetir um exame. Mas o interessante desta história não é isso. O interessante é que, quando ia para a faculdade passei por um consultório de dentistas cujos médicos eram o Doutor Paulo Dentinho e o Doutor Mário Chumbinho!!!
Pergunta: a vida é irónica ou os dentistas também têm pseudónimos? Uma pessoa com estes nomes pode ser outra coisa na vida que não dentista? Como será a conversa destes dois um com o outro? "Doutor Dentinho, o Doutor Chumbinho está ali ao telefone e pergunta se amanha pode vir fazer uma desvitalização às 15h?"...
E eu queixo-me de me chamar Ramalhete...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

"Perhaps, Perhaps, Perhaps"

Tenho uma paixão enorme pela Nova Iorque dos anos 30, 40, 50, 60...
Tenho um sonho de conhecer (ou ser) a Doris Day ou a Audrey Hepburn ou a Lauren Bacall com o seu Humphrey Bogart que não parecia bonito à primeira mas que era um homem muito interessante...
Gostava de estar naquele bar com o Rock Hudson e a Doris Day a cantar o Roly Poly,(Pillow Talk) ou naquela janela a ouvir a Audrey Hepburn cantar o Moon River(Breakfast at Tiffany´s). Gostava de conhecer o Nat King Cole. E o Frank Sinatra. E o Cary Grant. E o Clark Gable.
Os Estados Unidos de hoje só me trazem ideias tristes e pensamento poluídos, mas como eu gostava de conhecer estas lendas na sua época e frequentar esses locais onde o jazz nasceu e cresceu e onde se fizeram as lendas do cinema...
Como eu gostava de ter sido nascida ali naquela época.

"Perhaps, perhaps, perhaps..."

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Quis saber quem sou, o que faço aqui....

Quando foi o Euro 2004 toda a gente resolveu pôr na sua janela um monte de bandeiras de Portugal, uma espécie de apoio como quem diz:
"Não temos dinheiro para comer, mas mesmo assim vamos pôr esta bandeira que o JN ofereceu na edição de Domingo na nossa janela e apoiar a Selecção Nacional!".
Não correu muito bem mas também não foi mau de todo...
Ora este ano, no Natal, as pessoas começaram a trocar as suas bandeiras (já rasgadas e sujas dos 5 anos em que estiveram penduradas já que ninguém se lembrou de la ir tirá-las) por um estandarte vermelho com o Menino Jesus...Ora o que é que sucede? De novo, passou o Natal e o fim de ano e a 27 de Janeiro os Meninos continuam pendurados do lado de fora de janelas e varandas por esse Portugal fora. E não sei porquê mas algo me diz que assim continuarão por tempo indefinido.
Eu não tenho nada contra bandeiras, gosto bastante até. Tenho uma de cada país que visitei, trouxe para recordação, o que não ando é a pendurá-las nas janelas cá de casa!
Essa fase foi outra, em que tinha bandeiras dos Nirvana ao pé de posters do Billy Warlock e do Dragon Ball e uma bandeira do meu Partido. Hoje em dia tenho dois da Audrey Hepburn e a Guernica ainda por pendurar visto que não se fazem molduras para aquelas dimensões...Mas isso são outras histórias.
O que me faz escrever isto hoje é uma dúvida que me assombra desde que dei conta disto: Será que, secretamente ou pelos vistos não muito, Portugal continua a reger-se pela divisa "Deus e Pátria" e até Salazar visto ter sido a personalidade mais votada naquele concurso cheio de credibilidade que houve há tempos?
Serei eu a única alma que se apercebe destas coisas? Ainda somos fascistas ou apenas distraídos?
(Sobreolho franzido.....)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Confissões de adolescente

A adolescência é uma coisa complicada para toda a gente, primeiro porque ninguém é bonito entre os 13 e os 15 anos, nem as maiores estampas do mundo eram bonitas nessa fase. E se alguém está convencido que era então desafio a que vá ver as fotos da época e se esclareça. Eu não tenho ilusões, além de um péssimo corte de cabelo tinhas uns óculos que metiam medo, espinhas na testa e, claramente, bochechas a mais...
Nessa altura, e confesso que até durante bastante tempo, tinha paixões platónicas exacerbadas. Apaixonava-me todos os dias por alguém. Mas não pelos rapazes da escola, por pessoas famosas que entravam no meu imaginário, ou na minha televisão.
É, contudo, com agrado que registo esta semana que os meus gostos se mantém desde então. Aparentemente sempre tive um"tipo".
Tencionava manter segredo disto, mas não o vou fazer.
Esta semana colei na 1a e 2a temporadas das Marés Vivas. Todos nos lembramos dos calções vermelhos, os carros amarelos, os heróis e heroínas e da minha grande paixão da época. Ao rever pensei que ia perder a magia, olhar e pensar "Oh meu Deus, o que é que eu via nele?". Mas não...a verdade é que olho para ele e o que vejo é ainda o rapaz mais bonito, heróico, maravilhoso, de 1,70cm (notam já aproximações à realidade?) e que, ainda hoje, me faz ficar acordada até as 2h da manhã em vez de ir dormir ou estudar...Era o Eddie:)
E agora vocês perguntam: como é que é possível ainda ficar horas a ver isto e não ter vergonha de admitir? Ora, aprendi a não ter vergonha de nada e admitir tudo e, como sabem, também aprendi a partilhar tudo o que me deixa feliz...Em época apertada de exames e de trabalho duro, quando chega a noite, ficar horas a ver isto faz-me feliz e deixa-me dormir melhor...
Por isso, para as meninas deixo um gostinho:)
Miau!


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Porque...

Porque é que carregar uma regueifa ou uns moletes debaixo do braço no Porto não é tão elegante como carregar uma baguete debaixo do braço em Paris?
E porque é que as galochas são sempre tão feias?
Porque é que associo o Outono ao cheiro das castanhas e porque é que isso me deixa tão feliz?
E porque é que os dias gelados de sol são os melhores do Inverno?
Porque é que às vezes ainda me apercebo que continuo a adorar coisas que adorava aos 14 anos e não tenho vergonha disso mesmo que seja piroso?
Porque é que lençóis lavadinhos e muitas almofadas na cama é tão maravilhoso?
Porque é que quando troveja tenho tanto medo? Porque é que morro de medo de aranhas?
Porque é que beijar alguém à chuva é tão romântico?
Porque é que os gatos ronronam quando estão felizes?
Porque é que beijar é tão bom?
:)

A Feira

Melhores que as pipocas do cinema são as pipocas da Feira Popular.E há-as de todas as cores. Gosto do conceito de Feira Popular. Gosto de carroceis, os póneis, o pinóquio, os elefantinhos e porque qualquer criatura pode fazer parte de um carrossel.
Na Feira Popular há maçãs caramelizadas e algodão doce que é o imaginário de qualquer criança. Nuvens cor de rosa, doces e peganhentas. E uma pessoa lambuzar-se toda com algodão doce é uma maravilha e porque a palavra "lambuzar" se aplica a tão pouca coisa!
Há música em todo o lado e luzinhas a piscar e "tiro ao álvaro" como dizia a Elis Regina. E há algo de magnífico que são os carrinhos de choque. Acho que foi num desses que desconjuntei um dos meus joelhos...
Em suma, ontem fui ao cinema e enquanto comia pipocas pensava que, de facto, embora boas não se comparam com as que comia em pequena na Feira Popular. Ou nas festas dos santos em Santiago. Ou no Senhor de Matosinhos.
Afinal, um evento que tenha uma coisa chamada "O Canguru do Amor" só pode ser algo de magnífico e que se entranhe no nosso imaginário para todo o sempre.
Pelo menos enquanto o eternamente durar, né?