domingo, 12 de setembro de 2010

Eu continuava a querer ser uma escritora qualquer...

Sinto que perdi o dom, o dom de escrever, se alguma vez existiu parece ter-se ido. Não sei o motivo. Talvez porque quando não tinha nada, tinha isso, e agora estou a recuperar-me aos bocadinhos. Não acho que uma pessoa tenha de estar infeliz para escrever porque isso não faz qualquer sentido. Acho é que às vezes ter muita coisa na cabeça ajuda. Eu tenho sempre muita, é certo, mas gosto mais de guardar para mim...
Eu queria ser escritora, lembram-se? É ainda o meu sonho, mas ainda agora tenho um certo pudor em partilhar certas palavras com vocês, não assim tantos leitores mas sempre tão amigos.
Como posso atingir qualquer tipo de perfeição se essa mesma perfeição já foi atingida tantas vezes por outros e eu a aprecio tanto?
Eu sei que as histórias já foram todas inventadas, simplesmente há sempre quem as escreva provando aquilo que sempre soubemos: a história é o que menos importa num livro. Na verdade, não importa de todo. Tudo o resto é que faz de alguém bom escritor, bom artista. Já são raras aquelas letras de música que sem a melodia eram uma obra de arte por si só. O Vinicius era assim, ainda hoje o leio como o poeta que é, tantas vezes, antes de dormir, antes de sair de casa, só para pensar nisso durante o dia.
Assim resigno-me ao facto de que hei de ser sempre uma escritora medíocre mas que vai esforçar-se sempre por fazer melhor e vai sempre apreciar o que se fizer de melhor...

Talvez devesse começar já por apagar este texto...

3 comentários:

  1. Vende-se por menos, como aquelas pedras preciosas que estão em estado bruto, ou o diamante que o Chico Bento pensava ser vidro. Escreves, só o que te peço.
    Saudades que não acabam.
    beijos

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  2. Isto é dum livro de Carlos Ruiz Záfon. Quando li pensei neste teu post :)

    "Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita umas moedas ou um elogio a troco de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente no sangue o doce veneno da vaidade e acredita que, se conseguir que ninguém descubra a sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de lhe dar um tecto, um prato de comida quente ao fim do dia e aquilo por que mais anseia: ver o seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente lhe sobreviverá. Um escritor está condenado a recordar este momento pois nessa altura já está perdido e a sua alma tem preço."

    Continua a escrever, por favor :)
    beijo grande

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  3. És uma idiota.
    Está bem escrita esta frase?
    Que idéias parvas...tenho mesmo de fazer um workshop contigo...
    Já sabes, quando finalmente deixares de ser covarde e começares a escrever o livro da tua vida, vais-me dar razão. Até lá, continuo a chamar-te idiota, quando duvidas assim de ti.

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