quinta-feira, 19 de março de 2009

Natal é quando um homem quiser

A minha mãe acaba de me comunicar que a Spa pode ficar!! Estou tão feliz, ela é mesmo querida e meiga!..Eu sei que todos pensam que eu sou maluca, 3 gatas, mas ela precisa de um lar e é mesmo meiga e gosta de dormir dentro da minha cama a ronronar, que mais posso querer, bem diz a minha empregada que é a cereja em cima do bolo. E é mais uma fonte de histórias que espero ter para contar.
Molly, Kitty, Spa.
Natal é mesmo quando um homem quiser:)

Quadradinhos azuis

Uma vez tentei fazer uma lista de músicas que me tinham marcado na vida,aquelas mesmo especiais. Cheguei à conclusão que se um dia realmente a conseguisse acabar tudo perderia o sentido. São tantas, tantas com histórias bonitas, outras menos. Também já me ocorreu fazer uma lista daquelas que são proibidas. Há uma quantidade de músicas que não posso ouvir, que me fazem chorar, não sei, acho que se entende. Simples. E no entanto não.
Hoje estou a ouvir a Pale Blue Eyes. Adoro esta música. Acompanhou-me nos meus passeios chorosos e no entanto sorridentes e de reconhecimento quando cheguei a Santiago. Nem a conhecia na altura muito bem, mas pu-la no mp3 para ter músicas novas para associar.
Uma vez falei da memória olfativa. Agora refiro-me a esta. A esta que é de importância tão gigante como essa. A música.
Quando saímos todos juntos as noites melhores são aquelas em que não conseguimos parar de dançar e saltar porque estão a passar as músicas da nossa juventude. Eu adoro isso. Ouvir as músicas pirosas que adoravamos e pensar no que ainda ficou desde essa altura. Ficou muito pouco, só aquilo que na altura já tinhamos o discernimento de gostar: Pearl Jam, Nirvana, Fiona Apple e muito, muito pouco mais.
A verdade é que o nosso baú está cheio de musiquinhas preciosas. Aquelas que quando os nossos amigos vão a nossa casa ver a prateleira dos CDs ainda dizem "iiiiiii ainda tens isto aqui???", e nós acenamos com um sorriso.
Eu cá tenho fases. Tenho as músicas do liceu, as que ouvíamos feitas malucas em Vila Chã enquanto víamos quadradinhos azuis e jogávamos Trivial. Tenho as músicas que ouvia com o Miguel, foi ele que me instruiu, todos devíamos ter irmãos mais velhos. Tenho as músicas que tu me mostraste também, algumas que não consigo ouvir sem chorar: Halleluja pelo Jeff Buckley, Sylvia Plath pelo Ryan Adams, Black...
Depois há as músicas de Erasmus. Que são música brasileira da velhinha e da boa. O Jorge Ben, os Novos Baianos, Chiclete, Timbalada, Alceu Valença....e ainda as que levei por mim e que tinha sempre nos ouvidos, Velvet Underground, Rolling Stones, White Stripes, Pearl Jam, Chico Buarque....
E agora as novas que fui conhecendo entretanto e sem as quais já não vivo. Realmente não suporto viver sem música.
Felizmente vocês também não.

terça-feira, 17 de março de 2009

Se estivessem a vender sonhos qual é que compravas?

Não há nada mais terrível que ver o mundo aos bocados. Para mim o mundo são fragmentos. Fragmentos em que nem sempre apareço, que nem sempre são reais, que me fazem mal. Vejo-me presa como que num quadro de Picasso, sou uma forma geométrica descentrada do que é o equilíbrio.convencional. E como eu odeio o que é convencional...
Gosto do Miró, fui vê-"lo" no ano passado. Comove-me pensar na complexidade das coisas simples. Pelo menos das que para as pessoas parecem simples, geralmente são as mais complexas. Talvez não faça sentido. Não me importa. Conhecem um quadro do Miró chamado "Campesino catalán con guitarra"?, É incrível, tão verdadeiro. Faz-me sorrir. Faz-me sorrir pensar no dia em que o comprei também. Estavas lá tu.

Às vezes gostava de ser outra. Ter outro nome, ter nascido noutro sítio, ser morena e ter olhos verdes talvez. E muito importante, ter sardas. E não crescer. E ser cantora. Mas também há tantas coisas que me deixam feliz. Tantas coisas do passado que são eu. Gosto delas. Talvez pudesse juntar isso tudo? "Cantando eu mando a tristeza embora", cantava a Gal.
Talvez esteja com problemas existenciais. Nunca tive. Talvez não seja isso.
Acho que sinto a tua falta.
Já reparei que falo muito de saudades. Vou-me deixar disso. Quando tiver saudades ponho a tocar o Eddie e pronto.

Não te esqueças do quadro do girassol...

Spa

Sorrisos. Sorrir é no Inverno querer as roupas de Verão e as havaianas e no Verão querer as botas e os cachecóis de pelo. Sorrir é sentir o aroma de um perfume. Sorrir é adormecer abraçado a um peluche. Sorrir é uma música. Sorrir é uma cidade. Sorrir é um olhar. Sorrir é uma música do Vinícius. Sorrir é um poema do Pablo Neruda. Sorrir é um martini bianco. Sorrir é Lisboa. Sorrir é Madrid. Sorrir é Sevilha. Sorrir é Santiago. Sorrir é o Porto. Sorrir é Assis. Sorrir é um gato em cima de um muro. Sorrir é o Mar Morto. Sorrir são os pés na areia quente. Sorrir é o cheiro a mar. Sorrir é um pacote de açucar guardado dentro de um livro. Sorrir é uma flor que secou. Sorrir é um filme antigo. Sorrir é um bilhete num guardanapo. Sorrir sou eu.

Vou ser feliz. Tenho apenas que viver com as minhas memórias e pensamentos. Com alegria. E aos bocadinhos ir enchendo a minha caixinha, que não será de Pandora pois que aberta vai ser sempre bonita.
Ontem a minha mãe trouxe para casa uma gatinha bosque da noruega bebé, meiga, mais peluda que todos os gatos do mundo, mais meiga e doce. Para mim já tem nome e já dorme comigo, não sei se poderei ficar com ela, mas já entrou na minha caixinha.
Gosto.

quinta-feira, 12 de março de 2009

quem sou eu

Gosto de sol, gosto de passeios longos, gosto de andar de cabeça no ar, gosto de cantarolar as músicas que levo nos ouvidos quando vou na rua, gosto de acordar cedo, gosto de acordar tarde, gosto de dormir, gosto de me esticar toda na cama, gosto de cerveja, gosto do meu irmão, gosto das minhas avós, gosto de vestidos novos, gosto de tremoços, gosto de chá, gosto de caipirinhas, gosto de eléctricos, gosto de Pearl Jam, gosto de White Stripes, gosto da luz da Catedral de Santiago ao fim da tarde, gosto de ruas antigas feitas de pedra, gosto de massagens, gosto de concertos baratos, gosto de repas, gosto de sumo de laranja ao pequeno almoço, gosto de coca-cola no Verão, gosto de olhos escuros, gosto do Piolho, gosto de carros antigos e redondos, gosto de sonhar, gosto de café, gosto de chocolate negro, gosto da Ribeira do Porto, gosto de Jorge Ben e Chico Buarque, gosto de ler, gosto das crónicas do Ricardo Araújo Pereira, gosto de escrever, gosto de dançar, gosto da liberdade, gosto de gatos, gosto das minhas gatas, gosto de vinho tinto, gosto de viagens de comboio, gosto de cinema,gosto do Tarantino, gosto do Tim Burton, gosto de banda desenhada, gosto do cheiro de lápis de cor,gosto de leite, gosto do S. João, gosto do cheiro de sardinhas assadas e do som dos martelos de plástico, gosto de viajar, gosto do pôr do sol em Assis e em Sevilha e em Santiago e em Madrid, gosto de Espanha, gosto da Grécia, gosto de passear de mão dada, gosto de rir até chorar, gosto de piadas secas, gosto de chouriço assado, gosto de ovos de páscoa,gosto de pingos, gosto de bossa nova, gosto de sapatos e carteiras, gosto de tapas, gosto da mistura das raças, gosto de alfarrabistas, gosto de estudar línguas, gosto de fotografia, gosto da Scarlet Johanson, gosto do Ewan MacGregor, gosto do concerto do Kusturica e do concerto dos Pearl Jam, gosto do Altar e do Tendinha, gosto do Albaroque, gosto de lençois brancos, gosto de me apaixonar, gosto de sorrisos, gosto de sotaques, gosto de chupa chupas, gosto de esplanadas, gosto da praia e do mar, gosto de óculos de sol gigantes, gosto da Audrey Hepburn, gosto do Snatch, gosto da noite, gosto de tomar banho, gosto de passear em Sevilha até de manhã, gosto das minhas memórias, gosto da minha varanda de Santiago, gosto de cor de rosa, gosto de sushi, gosto de samba, gosto de chorar de alegria, gosto de artesanato e coisas típicas dos lugares, gosto de tradução, gosto de tocar piano, gosto do meu cabelo, gosto de dormir a sesta.......

gosto da vida!...

Não gosto de chuva, não gosto de frio, não gosto de ter sede, não gosto de pesadelos nem de insónias, não gosto de best-sellers, não gosto de esquecer, não gosto de cair tantas vezes, não gosto de ser desastrada, não gosto de fazer asneiras, não gosto da América, não gosto do nosso governo, não gosto de andar de avião, não gosto das minhas cicatrizes, não gosto de roer as unhas, não gosto de whisky, não gosto de favaítos, não gosto de correr, não gosto denão ter conseguido aprender alemão, não gosto de chorar,não gosto de maus cortes de cabelo, não gosto de caras perfeitas, não gosto de aranhas, não gosto que me obriguem a nada, não gosto de ter saudades, não gosto da distância, não gosto de não poder ajudar toda a gente, não gosto de andar de autocarro, não gosto de ficar sem bateria no meu mp3, não gosto de dormir às escuras, não gosto de ser a última da fila, não gosto de ser magoada, não gosto de doenças, não gosto de ter vergonha, não gosto de palhaços, não gosto de ficar na ignorância, não gosto da estupidez, não gosto de pessoas que não se riem,não gosto de computadores, não gosto de pescada, não gosto de ser professora, não gosto da ditadura, não gosto de marisco, não gosto de estereótipos, não gosto do fim das viagens.......

não gosto de ter saudades tuas!...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Vidings

Apesar de tudo ainda há coisas nesta vida e nesta cidade e neste país e neste mundo que me agradam. Gosto da auto-ironia, da capacidade de gozarmos connosco mesmos, seja individualmente seja enquanto cidadãos desta grande nação (...). Hoje no caminho para casa encontrei isto,já tinha reparado mas ainda não tinha parado. Hoje parei e fotografei. E gosto. Gosto que ainda haja quem consigo rir de toda esta anedota que é o nosso governo (em minúsculas,pois) e tudo o que se passa no mundo. Acho piada e eu própria gostava de conseguir rir-me. Mas não dá, acho que devem compreender. No entanto partilho com vocês, que me entendem com toda a certeza. Quanto mais não seja podem sempre avaliar as minhas capacidades no campo da fotografia, ou a falta delas, de qualquer das formas não faz diferença. Agora vou trabalhar, não há of-xores a apoiar os meus dois trabalhos e a falta gigantesca de capital que deles advém. Olha, vidings.

terça-feira, 10 de março de 2009

A coisa mais maravilhosa do mundo e o que eu penso dela

Curioso como todas as nossas memórias não passam de cheiros. Quando quero esquecer alguém e acho que estou a conseguir e aparece alguém com o mesmo cheiro está tudo estragado. O mesmo acontece ao contrário, se passa muito tempo desde que não vejo alguém e os seus traços vão desaparecendo devagarinho e sinto o mesmo cheiro que me lembra dela parece que a posso sentir aqui.
Hoje aconteceu-me isso. A verdade é que acho isto extraordinário. É incrível como a nossa memória se resume a cheiros e tantas vezes não nos damos conta disso. Já vos aconteceu, com certeza, sentirem um cheiro qualquer e pensarem algo tipo "cheira à minha infância, não sei bem o que é, mas gosto". A mim constantemente. Há alguns que são tão fortes que às vezes parece uma chapada na cara, sentimos a falta do dono daquele cheiro de maneira horrível. Ou sorrimos como se não houvesse amanhã.
O que eu penso disto é que, é incrivel como é possível. Alguém que perca a capacidade olfativa pode ser tão mau como perder qualquer outro sentido como a visão ou a audição. Porque nunca vai voltar a sentir o aroma do perfume, do gel de banho...o cheiro a terra molhada depois da chuva, o cheiro a gasolina, o cheiro de pão quente, o cheiro a mar, o cheiro dos orégãos, o cheiro da caipirinha, o cheiro a S.João... que o leva ao passado. Porque no fundo são viagens no tempo que nós fazemos. Por outro lado às vezes gostava de conseguir evitar essas viagens, porque fico invariavelmente triste, mesmo nas vezes em que sorrio como parva antes. Não gosto disso, mas é maravilhoso.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Hidro-ginástica e panachés

Esta semana voltei à ginástica. Foi bem bom, e visto que por motivos de saúde, ou falta dela, não posso fazer outras modalidades além da hidro-ginástica que já fazia em alternância com as corridas e coisas em aparelhos cujos nomes desconheço completamente. Claro que alio sempre as aulas de hidro-ginástica com umas horas de dança frenética por semana no Altar ou assim, mas não deve contar. Gosto da hidro. Quem vai a estas aulas,pois, são velhinhas do mais velhinho e algumas, vá, de 40 anos para cima, e eu. Mas é agradável, ao fim do dia, não querer matar pessoas aleatoriamente no metro só porque os selvagens dos meus alunos me deram cabo da cabeça. Assim ali pelo menos posso deitar tudo cá para fora,e isso é mesmo óptimo.
Quando ainda existia sol,que há-de voltar,claro, a outra coisa de que mais gostava (e gosto) é ir beber um panaché ao Piolho ou pela baixa antes e depois de sair do trabalho. Apanho um solzinho, refresco e já vou mais bem preparada para aguentar. Não sei como posso gostar tanto de uma coisa cujo nome nem sei escrever, mas gosto. O Saramago na História do Cerco de Lisboa faz uma descrição de bolos e o último são "cruassãs". Quando li achei lindo,e se ele é Nobel e genial como é, então eu posso escrever como digo (se calhar até é mesmo assim que se escreve) panachés.
Estas são as considerações de hoje. Devia estar no Francês mas perdi muito tempo a dar água sem caneco e por isso não estou.
Panachés, são de cor amarela e sabor fresco. Gosto bem.

domingo, 1 de março de 2009

Cláusula do Elevador

Espero que todos conheçam o Luís Fernando Veríssimo. Se não conhecem eu apresento: O Luís Fernando Veríssimo é um dos melhor cronistas de todos os tempos. Apaixonei-me por ele quando tive Introdução à Literatura Brasileira na Faculdade. A primeira que li foi a "Cláusula do Elevador" em que dois advogados que se casam decidem fazer um acordo pré-nupcial. Quando chegam à parte da fidelidade ele achou que devia haver uma certa flexibilidade, isto é, havia "oportunidades imperdíveis". No caso, por exemplo de ficar preso num elevador com a Luana Piovani e ela dizer "Calor, né?". Pelo que, da parte dele, ficou decidido que seria permitida a dita infidelidade "no caso de ficar preso num elevador com a Patrícia Pillar, a Luma de Oliveira ou uma das duas (os as duas) moças do “Tchan”, além da Luana Piovani, se o socorro demorasse mais de vinte minutos".
A esposa, como a mim me parece óbvio e justíssimo, achou que assim sendo também havia de ter direito a alguma permissividade no campo. Ele não gostou e após muito tempo de vetos e discussão isto foi o decidido:
"Foi uma negociação longa e difícil, durante a qual ele vetou vários nomes, até ser obrigado a concordar com um, por absoluta falta de argumentos. Ela estaria liberada de ser fiel a ele se um dia ficasse presa num elevador com o Chico Buarque. Mas só com o Chico Buarque. E só se o socorro demorasse mais de uma hora!!"

Eu devo dizer que a minha cláusula de oportunidades imperdíveis é gigante, no entanto eu nunca irei ficar presa num elevador com o Dean,nem com o George Clooney e nem com o Chico Buarque. Uma pena.
Mas continuando com o Veríssimo, ele é um génio. Tem um humor inteligente e aguçado e no outro dia, em casa da Lua, chorámos a rir enquanto líamos as "Comédias para se ler na escola". Aliás, lembro-me de estar na praia no Verão às gargalhadas e a chorar de tanto rir com ele. Por isso, e ineditamente, deixo aqui a minha predilecta de todas, gosto de partilhar e sei por facto que muitos de nós andamos tristonhos. Bom riso:)

"Gosto da palavra “fornida”. É uma palavra que diz tudo o que quer dizer. Se você lê que uma mulher é “bem fornida”, sabe exatamente como ela é. Não gorda mas cheia, roliça, carnuda. E quente. Talvez seja a semelhança com “forno”. Talvez seja apenas o tipo de mente que eu tenho.

Não posso ver a palavra “lascívia” sem pensar numa mulher, não fornida mas magra e comprida. Lascívia, imperatriz de Cântaro, filha de Pundonor. Imagino-a atraindo todos os jovens do reino para a cama real, decapitando os incapazes pelo fracasso e os capazes pela ousadia.

Um dia chega a Cântaro um jovem trovador, Lipídio de Albornoz. Ele cruza a Ponte de Safena e entra na cidade montado no seu cavalo Escarcéu. Avista uma mulher vestindo uma bandalheira preta que lhe lança um olhar cheio de betume e cabriolé. Segue-a através dos becos de Cântaro até um sumário - uma espécie de jardim enclausurado -, onde ela deixa cair a bandalheira. É Lascívia. Ela sobe por um escrutínio, pequena escada estreita, e desaparece por uma porciúncula. Lipídio a segue. Vê-se num longo conluio que leva a uma prótese entreaberta. Ele entra. Lascívia está sentada num trunfo em frente ao seu pinochet, penteando-se. Lipídio, que sempre carrega consigo um fanfarrão (instrumento primitivo de sete cordas), começa a cantar uma balada. Lascívia bate palmas e chama:

- Cisterna! Vanglória!

São suas escravas que vêm prepará-la para os ritos do amor. Lipídio desfaz-se de suas roupas - o sátrapa, o lúmpen, os dois fátuos - até ficar só de reles. Dirige-se para a cama cantando uma antiga minarete. Lascívia diz:

- Cala-te, sândalo. Quero sentir o seu vespúcio junto ao meu passe-partout.

Atrás de uma cortina, Muxoxo, o algoz, prepara seu longo cadastro para cortar a cabeça do trovador.

A história só não acaba mal porque o cavalo de Lipídio, Escarcéu, espia pela janela na hora em que Muxoxo vai decapitar seu dono, no momento entregue aos sassafrás, e dá o alarme. Lipídio pula da cama, veste seu reles rapidamente e sai pela janela, onde Escarcéu o espera.

Lascívia manda levantarem a Ponte de Safena, mas tarde demais. Lipídio e Escarcéu já galopam por motins e valiums, longe da vingança de Lascívia".


Et voilá!

Quem não tem cão caça com gato

Apercebo-me que duas das minhas coisas favoritas são coisas que faço horrivelmente e em abundância. A minha casa de banho tem uma aparelhagem com uns 7 CDs empilhados em cima. Quando acordo e me enfio no banho canto como louca e bem alto. Gosto. Depois ligo a música no quarto de novo e danço e canto mais enquanto me arranjo. O que mais gosto é de ir aqueles lugares que nós sabemos e dançar até cair,literalmente,por vezes. Gosto bem da receita e da vossa companhia. Gosto do "Eye of the Tiger" e da coreografia. Gosto do "Sugar Sugar" e gosto das Doce. Gosto do Variações e das músicas do Grease. E lá é sempre tão boa a música. No outro dia comentava com alguém que canto mesmo muito mal e disseram-me "Não,então,toda a gente tem o seu timbre". Ao que eu concluo: verdade,e o meu é mau! No entanto desde pequena que fui dada a massacrar terceiros com esta mania de cantar. Há quem implore, quem me cale à força, quem beba mais a ver se ouve menos e toda uma panóplia de tentativas. Eu é que nunca levo nada a mal,caso contrário estava feita. O que sou é muito dedicada. Gosto mesmo de dançar. Mas mais assim numa cena tipo improviso, que como toda a gente sabe é bem mais difícil (e artístico). Eu improviso que me farto. Eu e o João até temos um passo ensaiado! Mas a conclusão disto é que,a coisa que mais triste me deixa é concluir que não tenho talentos nenhuns. Há coisas que posso aprender a fazer bem, mas talento mesmo não tenho nenhum. E isso deixa-me triste. Por isso faço as coisas de que gosto, para as quais não tenho o menor jeito mas que me deixam de sorriso na cara. Acho que se desse ouvidos a tudo o que vai cá dentro agora dava em louca,por isso dou ouvidos ao que vai cá fora, sempre é mais bonito.
Além disso, podemos sempre escolher o que queremos pôr a tocar!