sexta-feira, 1 de maio de 2009

Viva nós

Chateia-me que as crianças não tenham imaginação. Quando nós eramos miúdos, (tudo bem que tivemos imensa sorte) nós voávamos. Podia ter de escrever sobre a coisa mais inenarrável possível, mas fazia-o sempre e bem. Nós, os que nascemos nos anos 80, tivemos os melhores desenhos aninados de sempre. Confirma-se que hoje as crianças são alienadas, torpes. Mas não nós! Ao sábado e ao domingo, pelas 7h, o Miguel acordava-me ou eu a ele, e íamos para a sala fazer maratonas de Korn Flakes sem leite e desenhos animados. Não chateavamos ninguém. Era só Tom & Jerry, Cavaleiros do Zodíaco, O Bocas, o Dartacão, o Dragon Ball , os Marretas, a Rua Sésamo, e sei lá eu que mais, mas era bom! Ao fim da tarde, como era lógico, tinhamos o Baywatch, esse belo mundo de cujos posters o meu quarto era forrado. O MacGyver, com quem todas queríamos casar, e até o Esquadrão Classe A que acho que se visse agora até me contorcia toda, mas de que gostavamos, claro. Assistimos também e com alegria ao nascimento do Super Mário, o primeiro jogo de vide, era a loucura total.
No outro dia pedi ao André, o selvagem mais selvagem de todos os selvagens que tenho de ensinar diariamente, que me fizesse uma composição sobre a sua viagem de sonho. Coisa básica, de 4o ano, porque o menino que é do 6o não sabe escrever. Depois de meia hora de gritos e lamentos porque "não sei, não consigo e quero lá saber'es" obriguei-o na base da ameaça e fê-la. E que nos disse esse menino que tudo de que gosta na vida é de jogos de computador e ler livros sobre a vida sexual mas só dos que têm muitas imagens? ("É oh stôra, eu não bou ler Os Cinco, que gránde seca, fuago, não tem images nem nada, é porque bou mesmo!!!").
Pois o que ele escreveu foi algo como "De manhá, a minha máe disse-me oh filho como tirastes boas notas os teus abós bõm-te lebar a disneilande e também bais receber uma paichaichen nos ános, fui á disneilande e foi muito fiche porque bi muitas coisas e foi assim a minha viajem chão!!"
Depois de várias tentativas a justificação foi que "eu escrevo como falo" (efectivamente, isto em alfabeto fonético talvez se fizesse uma coisa gira!), e que o "chão" final é na verdade o aluno a ser extremamente bem educado com a prof que é uma chata mas prontos, e a despedir-se dela. (Xau?!). Delicioso.
Ou seja, na verdade não sei que lhe faça, irrita-me profundamente e só serve para confirmar que não gosto de crianças, pelo menos deste tipo. Já agora, se este post tiver algum erro peço que me perdoem, é por osmose..
Mas voltando atrás, queria dizer que não me contenho de felicidade por ter sido previligiada e ter nascido quando nasci. Por ter tido tudo isto e viver com isso na memória. A maioria das coisas nem quero rever, para não destruir a minha infância, prefiro que fique tudo no baú das memórias e poder dizer confiança "Tive uma infância do caraças!!!". O que se confirma visto que tenho conversado sobre isto com vocês e sei que é geral.
Sabe bem!
Pois bem, a minha viagem de sonho? América Latina toda, uns dois anos se possível. Brasil, Cuba, Chile, Peru, Argentina, Bolívia, Uruguai....Menos Colômbia e Venezuela por medo, mas até aí gostava de ir. Ainda a vou fazer, tenho a certeza. Ai bou bou!!!

2 comentários:

  1. Espera, ele escreve os v's como se fossem b's? Qual em Espanha? Que estranho... vou levar esse caso às minhas professoras de didática e ensino, quem sabe me dizem algo, que se estou a dar aulas e me surge um desses, ponho pela janela do terceiro andar
    :D

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