segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quotidiano nº 1

Moro no centro da cidade. Onde aliás acho que toda a gente devia morar ou, pelo menos, querer morar. Há um autocarro que cobre toda a baixa do Porto e que é aquele em que eu me movimento. Nesse autocarro, que era o 20, há uma quantidade de pessoas estranhas que poderia facilmente dividir por sub-grupos.
Há uma velhota a quem eu gosto de chamar pomo da discórdia. Isto porquê? A velhota não tem, claramente, o que fazer, e por isso anda no 20 mais ou menos todo o dia. Para se entreter faz o mesmo que o Adivinho do Astérix, diz umas coisas baixinho a uns e outras coisas não tão baixinho assim a outros e depois encosta-se a ver satifeita. Depois de umas cenas de pancadaria e baixarias que não repito porque, afinal, sou uma senhora, os intervenientes saem nas suas paragens. Mas logo alguém entra de novo e é informado do que aquele senhor disse sobre a sua mãe e começa tudo de novo.
Há uma outra que entra sempre na minha paragem e que é muito malcriada. No outro dia viu um rapaz que vive por estes lados e que é brasileiro, com uma carteira de mulher e jeito enfeminado. Durante as dezassete paragens seguintes foi com esta conversa, para quem quisesse ouvir:

"Estes gajos agora não percebo, é tringalha com tringalha, rachadela com rachadela, são uns badalhocos!!! Isso que prazer pode dar a alguém?! Tringalha com tringalha, rachadela com rachadela!!! Que badalhocos!!"

Depois há os pervertidos de 80 anos que ficam com calor sempre que uma mulher com menos de 40 entra no autocarro...
Já dizia o grande Zeca que o que faz falta é animar a malta:)

1 comentário:

  1. Sério, como escreves bem, menina. Tem uma semana que comento a nossa última conversa; as palavras soam quando lidas, é impressionante. E quando tenho um tempinho e venho cá ler-te, Deus, parece que te ouço, loira, linda, fagueira, a contar-me das coisas da Rua da Alegria. Alegria plena. Adoro-te

    ResponderEliminar